Ramsés II foi o terceiro faraó da XIX dinastia egípcia, uma das dinastias que
compõem o Império Novo. Reinou entre aproximadamente 1279 a.C. e
1213 a.C. O seu reinado foi possivelmente o mais prestigioso da história
egípcia tanto no aspecto económico, administrativo, cultural e militar.[carece de
fontes?] Foi também
um dos mais longos reinados da história egípcia. Houve 11 Ramsés no reino do
Egito, mas apenas ele foi chamado de Ramsés, o Grande.
Índice
[esconder]
- 1 Vida familiar
- 2 Campanhas militares
- 3 Monumentos
- 4 Morte
- 5 Curiosidades
- 6 Titulatura
- 7 Citações na literatura
- 8 Referências
- 9 Bibliografia
- 10 Ligações externas
Representação de Ramsés enquanto criança
Filho do faraó Seti I e da rainha Tuya. A família de
Ramsés não era de origem nobre: o seu avô, Ramsés I,
era um general de Horemheb, o último rei da XVIII dinastia, que o nomeou seu sucessor.
Aos dez anos Ramsés recebeu o título de "filho primogénito do
rei", o que correspondia a ser declarado herdeiro do trono. Seu pai
introduziu-o no mundo das campanhas militares quando era ainda adolescente e
Ramsés acompanhou-o contra os Líbios e em campanhas em Canaã e Sinai.
Julga-se que pelo menos dez anos antes da morte do pai, Ramsés já era
casado com Nefertari
e Isitnefert.
A primeira seria a mais importante e célebre das várias esposas que Ramsés teve
na sua vida, tendo sido a grande esposa real até sua morte, no ano 24 do
reinado de Ramsés. Nefertari, que possui o túmulo mais famoso do Vale
das Rainhas, deu à luz o primeiro filho de Ramsés, Amenófis, conhecendo-se
pelo menos mais três filhos e duas filhas de ambos. As pesquisas documentam
seis filhos com Nefertari.
Isetnefert é menos conhecida que Nefertari, estando sua presença melhor
atestada no Baixo Egipto. Com ela Ramsés teve um filho que
partilhava o seu nome, para além dos príncipes Khaemuaset
e Merneptá
(este último tornou-se seu sucessor devido à morte prematura dos filhos mais
velhos de Ramsés). Khaemuaset foi sumo-sacerdote de Ptah na cidade de
Mênfis e foi responsável pela organização das festas Sed, celebradas em honra
do pai. A festa Sed celebrava-se em geral no trigésimo aniversário de reinado
do faraó e visava simbolicamente regenerar o seu poder; sabe-se que Ramsés
celebrou catorze festas deste tipo, a primeira no ano 30, as seguintes num
intervalo de cerca de três anos e no final da sua vida celebrou várias
praticamente a cada ano. Khaemuaset era um amante de antiguidades e dedicou-se
a mandar restaurar vários edifícios. Foi também responsável por mandar
construir galerias subterrâneas em Sakara, onde eram
sepultados os bois de
Ápis.
Ramsés foi também casado com sua irmã mais nova Henutmiré (segundo
alguns autores seria sua filha em vez de irmã) e com três das suas filhas, Meritamon, Bentanat e Nebet-taui. Após a paz
com os hititas,
Ramsés recebeu uma filha do rei Hatusilli III como presente. Com
ela casou no ano 34 do seu reinado. Seu nome hitita é desconhecido, mas sabe-se
que adoptou o nome egípcio de Maathorneferuré. Sete anos depois desse casamento,
esposou outra princesa hitita, sobre a qual nada se sabe.
Ramsés sucedeu ao pai em 1279 ou 1278. No plano internacional os hititas, que
viviam no que é hoje a Turquia, surgem como rivais do império egípcio no corredor
sírio-cananeu.
No ano 4 do seu reinado, Ramsés conduz uma expedição militar
exploratória que alcança a Fenícia. No rio Cão, perto da moderna Beirute, manda
erguer um estela, cujo texto é hoje ilegível.
No ano seguinte inicia-se a guerra propriamente dita com os hititas.
Ramsés atravessa a fronteira egípcia em Sila e um mês depois chega aos
arredores da cidade de Kadesh, perto do rio Oronte, com o objectivo de
expulsar os hititas do norte da Síria.
O exército egípcio estava dividido em quatro unidades, que receberam o
nome de um deus da mitologia egípcia: Amon, Ré, Ptah e Set. O exército
aguardou nos arredores de Kadesh, desejoso por cercar a cidade. Dois hititas
que se apresentam como desertores (mas que na realidade eram espias), enganam
os egípcios, afirmando que os hititas ainda estão bem longe de Kadesh. Ramsés
decide então avançar com a unidade Amon que lidera, desconhecendo que os
hititas estavam escondidos a leste de Kadesh. Subitamente, a unidade Amon é
cercada pelos hititas.
Segundo o relato egípcio, o "Poema de Kadesh" gravado nas
paredes dos templos de Karnak, Luxor, Abidos, Abu Simbel e no Ramesseum,
Ramsés foi abandonado pelos soldados e, sozinho na sua carruagem, fica frente a
frente dos hititas. O rei, desolado por ter sido abandonado, faz uma prece a
Amon, lamentando-se por seu destino. Amon escuta sua prece e Ramsés
transforma-se em guerreiro todo-poderoso que enfrenta completamente sozinho os
hititas.
A realidade, porém, encontra-se distante desse relato irreal ao serviço
da propaganda
faraónica. Julga-se que os egípcios foram obrigados a recuar, não tendo tomado
Kadesh, mas os reforços chegaram a tempo de o salvar.
Nos próximos anos do reinado continuam os combates com os hititas na Síria Palestina. No ano 16 do reinado de Ramsés, Mursili III, filho mais novo de Muwatalli
II, foi deposto pelo seu tio Hatusilli III. Após várias
tentativas de recuperar o trono, Mursili foge para o Egipto. Hatusilli III
exigiu a sua deportação imediata, mas como essa foi recusada por Ramsés, os
hititas mantinham mais um motivo para continuar com sua hostilidade.
No ano 21 do reinado de Ramsés, um tratado de paz procurou terminar o
conflito. Esse tratado é conhecido nas suas duas versões, a hitita, escrita em
tabuinhas de argila
em cuneiforme
babilónio e encontrada em Boghaz-Koi e a egípcia, gravada em duas estelas em
Tebas. As razões para o tratado estariam relacionadas não só com a não
resolução do conflito, mas também com o receio que gerava a ascensão da Assíria. Nos termos
do tratado os dois impérios prometem ajudar-se em caso de agressão externa e
dividem zonas de influência: Canaã e Sinai ficam sob domínio egípcio e a Síria,
para os hititas.
Ramsés é o faraó que deixou o maior legado em termos de monumentos. O
soberano apropriou-se de obras de faraós do passado (incluindo dos faraós do Império
Antigo, mas sobretudo do faraó Amenófis
III), que apresentou como suas, mandou concluir edifícios e lançou as suas
próprias obras. Entre as obras concluídas por Ramsés II encontram-se a sala
hipóstila do templo de Karnak em Tebas e o templo funerário do seu pai em Abidos.
Foi também Ramsés um dos responsáveis pela destruição dos templos da
cidade de Amarna,
que eram os últimos vestígios da era de Aquenáton,
faraó que pretendia fazer de Aton a divindade suprema. Os blocos de pedra destas estruturas
foram reutilizados na cidade de Hermópolis Magna, situada na margem oposta de
Amarna.
Pi-Ramsés ou Per-Ramsés ("A Casa de Ramsés")
foi a capital do Egito durante o reinado de Ramsés e até o fim da XX dinastia. Não foi descoberta até ao momento
a localização exata da cidade, mas sabe-se que era na região oriental do Delta.
A cidade foi erguida sobre uma aglomeração fundada por Seti I no começo
do reinado de Ramsés. Para lá são transferidos obeliscos e
nela se erguem templos dedicados às principais divindades egípcias, como Amon,
Ré e Ptah. Dois séculos depois as suas estátuas e obeliscos da cidade foram
transferidas para Tânis, a nova capital da XXI dinastia.
As razões que explicam esta mudança de capital são as raízes familiares
do faraó na região do Delta, para além da sua localização estar mais próxima do
principal centro de intervenção militar desta época, a Síria-Palestina, que
separava o Egito dos hititas.
Grande templo de Abu Simbel
Na Núbia Ramsés mandou construir vários templos. Dois dos mais famosos,
escavados na rocha, encontram-se em Abu Simbel,
perto da segunda catarata do Nilo.
O maior destes dois templos (Grande Templo ou Templo de Ramsés) penetra
sessenta metros na rocha. É dedicado a Ramsés, associado a Amon-Ré, Ptah e
Ré-Horakhti). Possui na entrada quatro estátuas de Ramsés com mais de 20 metros
de altura, que o retratam em diferentes fases da sua vida. Passada a entrada do
templo encontra-se um sala hipóstila onde se acham oito estátuas de Osíris. A
versão egípcia da Batalha de Kadesh está representada no templo. O segundo
templo (Pequeno Templo), a norte do Grande Templo, é dedicado a Nefertari
(associada a Hathor).
Na sua fachada encontram-se quatro estátuas de Ramsés e duas de Nefertari.
Em 2013, durante escavações a leste do Grande Templo, uma equipe de
arqueólogos egípcios e alemães descobriu uma estátua de Ramsés II, no templo da
deusa Bastet, com 1,95 m de altura e 1,60 m de largura, de granito vermelho. Na
parte traseira da figura, há hieróglifos com o nome de Ramsés II. O templo de
Bastet está localizado na colina de Bubastis, um dos sítios arqueológicos mais
antigos do país, a cerca de 85 km a noroeste do Cairo, onde foram descobertos
objetos que datam da IV dinastia (de 2630 a 2500 a.C.). Além da estátua de
Ramsés II, os arqueólogos encontraram a estátua de um alto funcionário do
governo egípcio do período da dinastia XIX, com 35 cm de altura, feita de
arenito.
Abu Simbel permaneceu soterrada pelas areias do deserto até 1812, ano em que foi
descoberta por Jean-Louis Burckhardt. A
construção da grande barragem de Assuão alterou o nível das águas do Nilo,
razão pela qual os templos foram desmontados, cortados em 1036 blocos e
montados num local mais alto entre os anos de 1964 e 1968, numa campanha
internacional promovida pela UNESCO.
Em Uadi es-Sebua Ramsés mandou
construir um novo templo dedicado a Ré e a si próprio. Na direção dos trabalhos
esteve Setau, vice-rei da Núbia, que recrutou homens das tribos locais para a
construção. No mesmo local Ramsés ordenou a reconstrução de um templo erguido
por Amenófis III que fora danificado durante a era de Amarna.
Sala hipóstila do Ramesseum
O templo funerário de Ramsés é conhecido como o Ramesseum.
Situado na margem ocidental de Tebas
estava dedicado ao deus Amon e ao próprio faraó, encontrando-se hoje num estado
bastante deteriorado. O templo era famoso pela estátua colossal de Ramsés em
posição sentada (da qual apenas restam fragmentos). Nas paredes do templo foram
representados eventos como a Batalha de Kadesh e a celebração da festa do deus
Min, assim como uma procissão dos numerosos filhos do faraó. No local foi
descoberto um papiro que continha a obra literária "Conto do Camponês
Eloquente" e textos de carácter médico.
Ramsés faleceu no ano 67 do seu reinado, quando já teria mais de noventa
anos. O Egipto conseguiu continuar a exercer controle sobre Canaã e Sinai até a
parte final da XIX dinastia.
O túmulo de Ramsés foi construído no Vale
dos Reis (KV7), necrópole de eleição
dos faraós do Império Novo, tendo sido preparado pelo seu vizir do sul, Pasar.
Embora seja maior que o túmulo do seu pai, o túmulo não é tão ricamente
decorado e encontra-se hoje danificado. Do seu espólio funerário restam poucos
objetos, que estão espalhados por vários museus do mundo.
A múmia do faraó
foi encontrada num túmulo coletivo de Deir
el-Bahari no ano de 1881. Em 1885 a múmia foi colocada no Museu Egípcio do Cairo onde
permanece até hoje. Em 1976
a múmia de Ramsés realizou uma viagem até Paris onde fez parte
de uma exposição dedicada ao faraó e onde foi sujeita a análises com raios X. Na
capital francesa uma equipe composta por cento e dez cientistas foi responsável
por tentar descobrir as razões pelas quais a múmia se degradava progressivamente.
Os cientistas atribuíram esta degradação à ação de um cogumelo, o Daedela
Biennis, que foi destruído com uma irradiação de gama de cobalto 60. As
análises revelaram que Ramsés sofria de doença dentária e óssea.[carece de
fontes?]
Em 1976, a múmia de Ramsés realizou uma viagem até Paris onde fez parte
de uma exposição dedicada ao faraó e onde foi sujeita a análises com raios X
onde foi tratada contra uma infestação de fungos. Na capital francesa uma
equipe composta por cento e dez cientistas foi responsável por tentar descobrir
as razões pelas quais a múmia se degradava progressivamente. Os cientistas
atribuíram esta degradação à ação de um cogumelo, o Daedela Biennis, que foi
destruído com uma irradiação de gama de cobalto 60. As análises revelaram que
Ramsés sofria de doença dentária e óssea.[carece de
fontes?].
Nessa ocasião, foi providenciado um passaporte para a múmia em que
constava sua ocupação: "Rei falecido". Chegando à França, ao desembarcar
no aeroporto de Le Bourget, em Paris, a múmia de Ramsés foi pomposamente
saudada com honras militares destinadas a monarcas e chefes de estado.
Outra curiosidade a respeito dele, pois como é o faraó mais conhecido,
Hollywood e outras produções cinematográficas usaram o nome dele para
representar o Faraó do Êxodo em suas histórias sobre o livro homônimo da
Bíblia.[carece de
fontes?] A
associação comum de Ramsés II com o Faraó do êxodo bíblico foi largamente
difundida por uma má interpretação de êxodo 1.11, mas estudiosos modernos
concordam que a datação correta para o êxodo de acordo com a Bíblia, seria com
a partir de I Reis 6.1, que coloca o êxodo a cerca de 480 anos antes dos dias
do Rei Salomão. Segundo descobertas recentes, Ramsés II não poderia ter sido o faraó do êxodo, pois o
relato da Estela de Merneptá, seu filho e sucessor,
menciona Israel
como uma nação já estabelecida entre os cananeus. Seguindo a data proposta em I
Reis 6.1, o êxodo coincide com o reinado do Faraó Tutmés
III, que, curiosamente, teve a múmia substituída por outra 30 anos mais
jovem.
Como se fazia no Antigo Egito, Ramsés tinha um série de nomes que
compunham a sua titulatura. Ramsés é o seu nome de
nascimento e significa "nascido de Rá" ou
"filho de Rá". O seu prenome, isto é, o nome que este assumiu quando
se tornou faraó foi Usermaet-rá Setepenrá, o que é
traduzido como "Poderosa é a justiça de Rá - Escolhido por Rá".
Rˁ-ms-sw Mr(y)-Jmn
|
||||||||||||||||||
Ra-ms-sw Mer(y)-Imn
|
||||||||||||||||||
Ramessessu (Ramsés) Meiamun
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Wsr-Mȝˁ.t-Rˁ Stp-n-Rˁ
|
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Wsr-mAat-ra Stp-n-ra
|
||||||||||||||||
Wasermaar-rá Setepenrá
|
||||||||||||||||
"Poderosa é a justiça de Rá. O escolhido de
Rá."
|
||||||||||||||||
kȝ-nḫt mrj-Mȝˁ.t
|
||||||||||||||||||
kA-nkht mri-mAat
|
||||||||||||||||||
Kanakht Merimaat
|
||||||||||||||||||
- Série Ramsés, de Christian Jacq, Bertand Brasil
- Ozymandias, poema de Percy Bysshe Shelley
Referências
- ↑ Ir para: a b Grandes Impérios e Civilizações - O Mundo Egípcio, Vol. 1, pg. 37 - tradução:Maria Emília Vidgal, 1996 Edições Del Prado (Portugal e Brasil), ISBN 87-7838-736-6
- JACQ, Christian - O Egipto dos Grandes Faraós. Porto: ASA, 1999. ISBN 972-41-2046-5
- Menu, Bernadette (2002). Ramsés II: Soberano dos soberanos. Col: “Descobertas”. Rio de Janeiro: Editora Objetiva. ISBN 9788573023558
Precedido
por
Seti I |
Sucedido
por
Merneptá |
<img
src="//pt.wikipedia.org/wiki/Special:CentralAutoLogin/start?type=1x1"
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style="border: none; position: absolute;" />
Ramsés II foi o terceiro faraó da XIX dinastia egípcia, uma das dinastias que
compõem o Império Novo. Reinou entre aproximadamente 1279 a.C. e
1213 a.C. O seu reinado foi possivelmente o mais prestigioso da história
egípcia tanto no aspecto económico, administrativo, cultural e militar.[carece de
fontes?] Foi também
um dos mais longos reinados da história egípcia. Houve 11 Ramsés no reino do
Egito, mas apenas ele foi chamado de Ramsés, o Grande.
Índice
[esconder]
- 1 Vida familiar
- 2 Campanhas militares
- 3 Monumentos
- 4 Morte
- 5 Curiosidades
- 6 Titulatura
- 7 Citações na literatura
- 8 Referências
- 9 Bibliografia
- 10 Ligações externas
Representação de Ramsés enquanto criança
Filho do faraó Seti I e da rainha Tuya. A família de
Ramsés não era de origem nobre: o seu avô, Ramsés I,
era um general de Horemheb, o último rei da XVIII dinastia, que o nomeou seu sucessor.
Aos dez anos Ramsés recebeu o título de "filho primogénito do
rei", o que correspondia a ser declarado herdeiro do trono. Seu pai
introduziu-o no mundo das campanhas militares quando era ainda adolescente e
Ramsés acompanhou-o contra os Líbios e em campanhas em Canaã e Sinai.
Julga-se que pelo menos dez anos antes da morte do pai, Ramsés já era
casado com Nefertari
e Isitnefert.
A primeira seria a mais importante e célebre das várias esposas que Ramsés teve
na sua vida, tendo sido a grande esposa real até sua morte, no ano 24 do
reinado de Ramsés. Nefertari, que possui o túmulo mais famoso do Vale
das Rainhas, deu à luz o primeiro filho de Ramsés, Amenófis, conhecendo-se
pelo menos mais três filhos e duas filhas de ambos. As pesquisas documentam
seis filhos com Nefertari.
Isetnefert é menos conhecida que Nefertari, estando sua presença melhor
atestada no Baixo Egipto. Com ela Ramsés teve um filho que
partilhava o seu nome, para além dos príncipes Khaemuaset
e Merneptá
(este último tornou-se seu sucessor devido à morte prematura dos filhos mais
velhos de Ramsés). Khaemuaset foi sumo-sacerdote de Ptah na cidade de
Mênfis e foi responsável pela organização das festas Sed, celebradas em honra
do pai. A festa Sed celebrava-se em geral no trigésimo aniversário de reinado
do faraó e visava simbolicamente regenerar o seu poder; sabe-se que Ramsés
celebrou catorze festas deste tipo, a primeira no ano 30, as seguintes num
intervalo de cerca de três anos e no final da sua vida celebrou várias
praticamente a cada ano. Khaemuaset era um amante de antiguidades e dedicou-se
a mandar restaurar vários edifícios. Foi também responsável por mandar
construir galerias subterrâneas em Sakara, onde eram
sepultados os bois de
Ápis.
Ramsés foi também casado com sua irmã mais nova Henutmiré (segundo
alguns autores seria sua filha em vez de irmã) e com três das suas filhas, Meritamon, Bentanat e Nebet-taui. Após a paz
com os hititas,
Ramsés recebeu uma filha do rei Hatusilli III como presente. Com
ela casou no ano 34 do seu reinado. Seu nome hitita é desconhecido, mas sabe-se
que adoptou o nome egípcio de Maathorneferuré. Sete anos depois desse casamento,
esposou outra princesa hitita, sobre a qual nada se sabe.
Ramsés sucedeu ao pai em 1279 ou 1278. No plano internacional os hititas, que
viviam no que é hoje a Turquia, surgem como rivais do império egípcio no corredor
sírio-cananeu.
No ano 4 do seu reinado, Ramsés conduz uma expedição militar
exploratória que alcança a Fenícia. No rio Cão, perto da moderna Beirute, manda
erguer um estela, cujo texto é hoje ilegível.
No ano seguinte inicia-se a guerra propriamente dita com os hititas.
Ramsés atravessa a fronteira egípcia em Sila e um mês depois chega aos
arredores da cidade de Kadesh, perto do rio Oronte, com o objectivo de
expulsar os hititas do norte da Síria.
O exército egípcio estava dividido em quatro unidades, que receberam o
nome de um deus da mitologia egípcia: Amon, Ré, Ptah e Set. O exército
aguardou nos arredores de Kadesh, desejoso por cercar a cidade. Dois hititas
que se apresentam como desertores (mas que na realidade eram espias), enganam
os egípcios, afirmando que os hititas ainda estão bem longe de Kadesh. Ramsés
decide então avançar com a unidade Amon que lidera, desconhecendo que os
hititas estavam escondidos a leste de Kadesh. Subitamente, a unidade Amon é
cercada pelos hititas.
Segundo o relato egípcio, o "Poema de Kadesh" gravado nas
paredes dos templos de Karnak, Luxor, Abidos, Abu Simbel e no Ramesseum,
Ramsés foi abandonado pelos soldados e, sozinho na sua carruagem, fica frente a
frente dos hititas. O rei, desolado por ter sido abandonado, faz uma prece a
Amon, lamentando-se por seu destino. Amon escuta sua prece e Ramsés
transforma-se em guerreiro todo-poderoso que enfrenta completamente sozinho os
hititas.
A realidade, porém, encontra-se distante desse relato irreal ao serviço
da propaganda
faraónica. Julga-se que os egípcios foram obrigados a recuar, não tendo tomado
Kadesh, mas os reforços chegaram a tempo de o salvar.
Nos próximos anos do reinado continuam os combates com os hititas na Síria Palestina. No ano 16 do reinado de Ramsés, Mursili III, filho mais novo de Muwatalli
II, foi deposto pelo seu tio Hatusilli III. Após várias
tentativas de recuperar o trono, Mursili foge para o Egipto. Hatusilli III
exigiu a sua deportação imediata, mas como essa foi recusada por Ramsés, os
hititas mantinham mais um motivo para continuar com sua hostilidade.
No ano 21 do reinado de Ramsés, um tratado de paz procurou terminar o
conflito. Esse tratado é conhecido nas suas duas versões, a hitita, escrita em
tabuinhas de argila
em cuneiforme
babilónio e encontrada em Boghaz-Koi e a egípcia, gravada em duas estelas em
Tebas. As razões para o tratado estariam relacionadas não só com a não
resolução do conflito, mas também com o receio que gerava a ascensão da Assíria. Nos termos
do tratado os dois impérios prometem ajudar-se em caso de agressão externa e
dividem zonas de influência: Canaã e Sinai ficam sob domínio egípcio e a Síria,
para os hititas.
Ramsés é o faraó que deixou o maior legado em termos de monumentos. O
soberano apropriou-se de obras de faraós do passado (incluindo dos faraós do Império
Antigo, mas sobretudo do faraó Amenófis
III), que apresentou como suas, mandou concluir edifícios e lançou as suas
próprias obras. Entre as obras concluídas por Ramsés II encontram-se a sala
hipóstila do templo de Karnak em Tebas e o templo funerário do seu pai em Abidos.
Foi também Ramsés um dos responsáveis pela destruição dos templos da
cidade de Amarna,
que eram os últimos vestígios da era de Aquenáton,
faraó que pretendia fazer de Aton a divindade suprema. Os blocos de pedra destas estruturas
foram reutilizados na cidade de Hermópolis Magna, situada na margem oposta de
Amarna.
Pi-Ramsés ou Per-Ramsés ("A Casa de Ramsés")
foi a capital do Egito durante o reinado de Ramsés e até o fim da XX dinastia. Não foi descoberta até ao momento
a localização exata da cidade, mas sabe-se que era na região oriental do Delta.
A cidade foi erguida sobre uma aglomeração fundada por Seti I no começo
do reinado de Ramsés. Para lá são transferidos obeliscos e
nela se erguem templos dedicados às principais divindades egípcias, como Amon,
Ré e Ptah. Dois séculos depois as suas estátuas e obeliscos da cidade foram
transferidas para Tânis, a nova capital da XXI dinastia.
As razões que explicam esta mudança de capital são as raízes familiares
do faraó na região do Delta, para além da sua localização estar mais próxima do
principal centro de intervenção militar desta época, a Síria-Palestina, que
separava o Egito dos hititas.
Grande templo de Abu Simbel
Na Núbia Ramsés mandou construir vários templos. Dois dos mais famosos,
escavados na rocha, encontram-se em Abu Simbel,
perto da segunda catarata do Nilo.
O maior destes dois templos (Grande Templo ou Templo de Ramsés) penetra
sessenta metros na rocha. É dedicado a Ramsés, associado a Amon-Ré, Ptah e
Ré-Horakhti). Possui na entrada quatro estátuas de Ramsés com mais de 20 metros
de altura, que o retratam em diferentes fases da sua vida. Passada a entrada do
templo encontra-se um sala hipóstila onde se acham oito estátuas de Osíris. A
versão egípcia da Batalha de Kadesh está representada no templo. O segundo
templo (Pequeno Templo), a norte do Grande Templo, é dedicado a Nefertari
(associada a Hathor).
Na sua fachada encontram-se quatro estátuas de Ramsés e duas de Nefertari.
Em 2013, durante escavações a leste do Grande Templo, uma equipe de
arqueólogos egípcios e alemães descobriu uma estátua de Ramsés II, no templo da
deusa Bastet, com 1,95 m de altura e 1,60 m de largura, de granito vermelho. Na
parte traseira da figura, há hieróglifos com o nome de Ramsés II. O templo de
Bastet está localizado na colina de Bubastis, um dos sítios arqueológicos mais
antigos do país, a cerca de 85 km a noroeste do Cairo, onde foram descobertos
objetos que datam da IV dinastia (de 2630 a 2500 a.C.). Além da estátua de
Ramsés II, os arqueólogos encontraram a estátua de um alto funcionário do
governo egípcio do período da dinastia XIX, com 35 cm de altura, feita de
arenito.
Abu Simbel permaneceu soterrada pelas areias do deserto até 1812, ano em que foi
descoberta por Jean-Louis Burckhardt. A
construção da grande barragem de Assuão alterou o nível das águas do Nilo,
razão pela qual os templos foram desmontados, cortados em 1036 blocos e
montados num local mais alto entre os anos de 1964 e 1968, numa campanha
internacional promovida pela UNESCO.
Em Uadi es-Sebua Ramsés mandou
construir um novo templo dedicado a Ré e a si próprio. Na direção dos trabalhos
esteve Setau, vice-rei da Núbia, que recrutou homens das tribos locais para a
construção. No mesmo local Ramsés ordenou a reconstrução de um templo erguido
por Amenófis III que fora danificado durante a era de Amarna.
Sala hipóstila do Ramesseum
O templo funerário de Ramsés é conhecido como o Ramesseum.
Situado na margem ocidental de Tebas
estava dedicado ao deus Amon e ao próprio faraó, encontrando-se hoje num estado
bastante deteriorado. O templo era famoso pela estátua colossal de Ramsés em
posição sentada (da qual apenas restam fragmentos). Nas paredes do templo foram
representados eventos como a Batalha de Kadesh e a celebração da festa do deus
Min, assim como uma procissão dos numerosos filhos do faraó. No local foi
descoberto um papiro que continha a obra literária "Conto do Camponês
Eloquente" e textos de carácter médico.
Ramsés faleceu no ano 67 do seu reinado, quando já teria mais de noventa
anos. O Egipto conseguiu continuar a exercer controle sobre Canaã e Sinai até a
parte final da XIX dinastia.
O túmulo de Ramsés foi construído no Vale
dos Reis (KV7), necrópole de eleição
dos faraós do Império Novo, tendo sido preparado pelo seu vizir do sul, Pasar.
Embora seja maior que o túmulo do seu pai, o túmulo não é tão ricamente
decorado e encontra-se hoje danificado. Do seu espólio funerário restam poucos
objetos, que estão espalhados por vários museus do mundo.
A múmia do faraó
foi encontrada num túmulo coletivo de Deir
el-Bahari no ano de 1881. Em 1885 a múmia foi colocada no Museu Egípcio do Cairo onde
permanece até hoje. Em 1976
a múmia de Ramsés realizou uma viagem até Paris onde fez parte
de uma exposição dedicada ao faraó e onde foi sujeita a análises com raios X. Na
capital francesa uma equipe composta por cento e dez cientistas foi responsável
por tentar descobrir as razões pelas quais a múmia se degradava progressivamente.
Os cientistas atribuíram esta degradação à ação de um cogumelo, o Daedela
Biennis, que foi destruído com uma irradiação de gama de cobalto 60. As
análises revelaram que Ramsés sofria de doença dentária e óssea.[carece de
fontes?]
Em 1976, a múmia de Ramsés realizou uma viagem até Paris onde fez parte
de uma exposição dedicada ao faraó e onde foi sujeita a análises com raios X
onde foi tratada contra uma infestação de fungos. Na capital francesa uma
equipe composta por cento e dez cientistas foi responsável por tentar descobrir
as razões pelas quais a múmia se degradava progressivamente. Os cientistas
atribuíram esta degradação à ação de um cogumelo, o Daedela Biennis, que foi
destruído com uma irradiação de gama de cobalto 60. As análises revelaram que
Ramsés sofria de doença dentária e óssea.[carece de
fontes?].
Nessa ocasião, foi providenciado um passaporte para a múmia em que
constava sua ocupação: "Rei falecido". Chegando à França, ao desembarcar
no aeroporto de Le Bourget, em Paris, a múmia de Ramsés foi pomposamente
saudada com honras militares destinadas a monarcas e chefes de estado.
Outra curiosidade a respeito dele, pois como é o faraó mais conhecido,
Hollywood e outras produções cinematográficas usaram o nome dele para
representar o Faraó do Êxodo em suas histórias sobre o livro homônimo da
Bíblia.[carece de
fontes?] A
associação comum de Ramsés II com o Faraó do êxodo bíblico foi largamente
difundida por uma má interpretação de êxodo 1.11, mas estudiosos modernos
concordam que a datação correta para o êxodo de acordo com a Bíblia, seria com
a partir de I Reis 6.1, que coloca o êxodo a cerca de 480 anos antes dos dias
do Rei Salomão. Segundo descobertas recentes, Ramsés II não poderia ter sido o faraó do êxodo, pois o
relato da Estela de Merneptá, seu filho e sucessor,
menciona Israel
como uma nação já estabelecida entre os cananeus. Seguindo a data proposta em I
Reis 6.1, o êxodo coincide com o reinado do Faraó Tutmés
III, que, curiosamente, teve a múmia substituída por outra 30 anos mais
jovem.
Como se fazia no Antigo Egito, Ramsés tinha um série de nomes que
compunham a sua titulatura. Ramsés é o seu nome de
nascimento e significa "nascido de Rá" ou
"filho de Rá". O seu prenome, isto é, o nome que este assumiu quando
se tornou faraó foi Usermaet-rá Setepenrá, o que é
traduzido como "Poderosa é a justiça de Rá - Escolhido por Rá".
Rˁ-ms-sw Mr(y)-Jmn
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Ra-ms-sw Mer(y)-Imn
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Ramessessu (Ramsés) Meiamun
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Wsr-Mȝˁ.t-Rˁ Stp-n-Rˁ
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Wsr-mAat-ra Stp-n-ra
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Wasermaar-rá Setepenrá
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"Poderosa é a justiça de Rá. O escolhido de
Rá."
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kȝ-nḫt mrj-Mȝˁ.t
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kA-nkht mri-mAat
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Kanakht Merimaat
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- Série Ramsés, de Christian Jacq, Bertand Brasil
- Ozymandias, poema de Percy Bysshe Shelley
Referências
- ↑ Ir para: a b Grandes Impérios e Civilizações - O Mundo Egípcio, Vol. 1, pg. 37 - tradução:Maria Emília Vidgal, 1996 Edições Del Prado (Portugal e Brasil), ISBN 87-7838-736-6
- JACQ, Christian - O Egipto dos Grandes Faraós. Porto: ASA, 1999. ISBN 972-41-2046-5
- Menu, Bernadette (2002). Ramsés II: Soberano dos soberanos. Col: “Descobertas”. Rio de Janeiro: Editora Objetiva. ISBN 9788573023558
Precedido
por
Seti I |
Sucedido
por
Merneptá |
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Ramsés II foi o terceiro faraó da XIX dinastia egípcia, uma das dinastias que
compõem o Império Novo. Reinou entre aproximadamente 1279 a.C. e
1213 a.C. O seu reinado foi possivelmente o mais prestigioso da história
egípcia tanto no aspecto económico, administrativo, cultural e militar.[carece de
fontes?] Foi também
um dos mais longos reinados da história egípcia. Houve 11 Ramsés no reino do
Egito, mas apenas ele foi chamado de Ramsés, o Grande.
Índice
[esconder]
- 1 Vida familiar
- 2 Campanhas militares
- 3 Monumentos
- 4 Morte
- 5 Curiosidades
- 6 Titulatura
- 7 Citações na literatura
- 8 Referências
- 9 Bibliografia
- 10 Ligações externas
Representação de Ramsés enquanto criança
Filho do faraó Seti I e da rainha Tuya. A família de
Ramsés não era de origem nobre: o seu avô, Ramsés I,
era um general de Horemheb, o último rei da XVIII dinastia, que o nomeou seu sucessor.
Aos dez anos Ramsés recebeu o título de "filho primogénito do
rei", o que correspondia a ser declarado herdeiro do trono. Seu pai
introduziu-o no mundo das campanhas militares quando era ainda adolescente e
Ramsés acompanhou-o contra os Líbios e em campanhas em Canaã e Sinai.
Julga-se que pelo menos dez anos antes da morte do pai, Ramsés já era
casado com Nefertari
e Isitnefert.
A primeira seria a mais importante e célebre das várias esposas que Ramsés teve
na sua vida, tendo sido a grande esposa real até sua morte, no ano 24 do
reinado de Ramsés. Nefertari, que possui o túmulo mais famoso do Vale
das Rainhas, deu à luz o primeiro filho de Ramsés, Amenófis, conhecendo-se
pelo menos mais três filhos e duas filhas de ambos. As pesquisas documentam
seis filhos com Nefertari.
Isetnefert é menos conhecida que Nefertari, estando sua presença melhor
atestada no Baixo Egipto. Com ela Ramsés teve um filho que
partilhava o seu nome, para além dos príncipes Khaemuaset
e Merneptá
(este último tornou-se seu sucessor devido à morte prematura dos filhos mais
velhos de Ramsés). Khaemuaset foi sumo-sacerdote de Ptah na cidade de
Mênfis e foi responsável pela organização das festas Sed, celebradas em honra
do pai. A festa Sed celebrava-se em geral no trigésimo aniversário de reinado
do faraó e visava simbolicamente regenerar o seu poder; sabe-se que Ramsés
celebrou catorze festas deste tipo, a primeira no ano 30, as seguintes num
intervalo de cerca de três anos e no final da sua vida celebrou várias
praticamente a cada ano. Khaemuaset era um amante de antiguidades e dedicou-se
a mandar restaurar vários edifícios. Foi também responsável por mandar
construir galerias subterrâneas em Sakara, onde eram
sepultados os bois de
Ápis.
Ramsés foi também casado com sua irmã mais nova Henutmiré (segundo
alguns autores seria sua filha em vez de irmã) e com três das suas filhas, Meritamon, Bentanat e Nebet-taui. Após a paz
com os hititas,
Ramsés recebeu uma filha do rei Hatusilli III como presente. Com
ela casou no ano 34 do seu reinado. Seu nome hitita é desconhecido, mas sabe-se
que adoptou o nome egípcio de Maathorneferuré. Sete anos depois desse casamento,
esposou outra princesa hitita, sobre a qual nada se sabe.
Ramsés sucedeu ao pai em 1279 ou 1278. No plano internacional os hititas, que
viviam no que é hoje a Turquia, surgem como rivais do império egípcio no corredor
sírio-cananeu.
No ano 4 do seu reinado, Ramsés conduz uma expedição militar
exploratória que alcança a Fenícia. No rio Cão, perto da moderna Beirute, manda
erguer um estela, cujo texto é hoje ilegível.
No ano seguinte inicia-se a guerra propriamente dita com os hititas.
Ramsés atravessa a fronteira egípcia em Sila e um mês depois chega aos
arredores da cidade de Kadesh, perto do rio Oronte, com o objectivo de
expulsar os hititas do norte da Síria.
O exército egípcio estava dividido em quatro unidades, que receberam o
nome de um deus da mitologia egípcia: Amon, Ré, Ptah e Set. O exército
aguardou nos arredores de Kadesh, desejoso por cercar a cidade. Dois hititas
que se apresentam como desertores (mas que na realidade eram espias), enganam
os egípcios, afirmando que os hititas ainda estão bem longe de Kadesh. Ramsés
decide então avançar com a unidade Amon que lidera, desconhecendo que os
hititas estavam escondidos a leste de Kadesh. Subitamente, a unidade Amon é
cercada pelos hititas.
Segundo o relato egípcio, o "Poema de Kadesh" gravado nas
paredes dos templos de Karnak, Luxor, Abidos, Abu Simbel e no Ramesseum,
Ramsés foi abandonado pelos soldados e, sozinho na sua carruagem, fica frente a
frente dos hititas. O rei, desolado por ter sido abandonado, faz uma prece a
Amon, lamentando-se por seu destino. Amon escuta sua prece e Ramsés
transforma-se em guerreiro todo-poderoso que enfrenta completamente sozinho os
hititas.
A realidade, porém, encontra-se distante desse relato irreal ao serviço
da propaganda
faraónica. Julga-se que os egípcios foram obrigados a recuar, não tendo tomado
Kadesh, mas os reforços chegaram a tempo de o salvar.
Nos próximos anos do reinado continuam os combates com os hititas na Síria Palestina. No ano 16 do reinado de Ramsés, Mursili III, filho mais novo de Muwatalli
II, foi deposto pelo seu tio Hatusilli III. Após várias
tentativas de recuperar o trono, Mursili foge para o Egipto. Hatusilli III
exigiu a sua deportação imediata, mas como essa foi recusada por Ramsés, os
hititas mantinham mais um motivo para continuar com sua hostilidade.
No ano 21 do reinado de Ramsés, um tratado de paz procurou terminar o
conflito. Esse tratado é conhecido nas suas duas versões, a hitita, escrita em
tabuinhas de argila
em cuneiforme
babilónio e encontrada em Boghaz-Koi e a egípcia, gravada em duas estelas em
Tebas. As razões para o tratado estariam relacionadas não só com a não
resolução do conflito, mas também com o receio que gerava a ascensão da Assíria. Nos termos
do tratado os dois impérios prometem ajudar-se em caso de agressão externa e
dividem zonas de influência: Canaã e Sinai ficam sob domínio egípcio e a Síria,
para os hititas.
Ramsés é o faraó que deixou o maior legado em termos de monumentos. O
soberano apropriou-se de obras de faraós do passado (incluindo dos faraós do Império
Antigo, mas sobretudo do faraó Amenófis
III), que apresentou como suas, mandou concluir edifícios e lançou as suas
próprias obras. Entre as obras concluídas por Ramsés II encontram-se a sala
hipóstila do templo de Karnak em Tebas e o templo funerário do seu pai em Abidos.
Foi também Ramsés um dos responsáveis pela destruição dos templos da
cidade de Amarna,
que eram os últimos vestígios da era de Aquenáton,
faraó que pretendia fazer de Aton a divindade suprema. Os blocos de pedra destas estruturas
foram reutilizados na cidade de Hermópolis Magna, situada na margem oposta de
Amarna.
Pi-Ramsés ou Per-Ramsés ("A Casa de Ramsés")
foi a capital do Egito durante o reinado de Ramsés e até o fim da XX dinastia. Não foi descoberta até ao momento
a localização exata da cidade, mas sabe-se que era na região oriental do Delta.
A cidade foi erguida sobre uma aglomeração fundada por Seti I no começo
do reinado de Ramsés. Para lá são transferidos obeliscos e
nela se erguem templos dedicados às principais divindades egípcias, como Amon,
Ré e Ptah. Dois séculos depois as suas estátuas e obeliscos da cidade foram
transferidas para Tânis, a nova capital da XXI dinastia.
As razões que explicam esta mudança de capital são as raízes familiares
do faraó na região do Delta, para além da sua localização estar mais próxima do
principal centro de intervenção militar desta época, a Síria-Palestina, que
separava o Egito dos hititas.
Grande templo de Abu Simbel
Na Núbia Ramsés mandou construir vários templos. Dois dos mais famosos,
escavados na rocha, encontram-se em Abu Simbel,
perto da segunda catarata do Nilo.
O maior destes dois templos (Grande Templo ou Templo de Ramsés) penetra
sessenta metros na rocha. É dedicado a Ramsés, associado a Amon-Ré, Ptah e
Ré-Horakhti). Possui na entrada quatro estátuas de Ramsés com mais de 20 metros
de altura, que o retratam em diferentes fases da sua vida. Passada a entrada do
templo encontra-se um sala hipóstila onde se acham oito estátuas de Osíris. A
versão egípcia da Batalha de Kadesh está representada no templo. O segundo
templo (Pequeno Templo), a norte do Grande Templo, é dedicado a Nefertari
(associada a Hathor).
Na sua fachada encontram-se quatro estátuas de Ramsés e duas de Nefertari.
Em 2013, durante escavações a leste do Grande Templo, uma equipe de
arqueólogos egípcios e alemães descobriu uma estátua de Ramsés II, no templo da
deusa Bastet, com 1,95 m de altura e 1,60 m de largura, de granito vermelho. Na
parte traseira da figura, há hieróglifos com o nome de Ramsés II. O templo de
Bastet está localizado na colina de Bubastis, um dos sítios arqueológicos mais
antigos do país, a cerca de 85 km a noroeste do Cairo, onde foram descobertos
objetos que datam da IV dinastia (de 2630 a 2500 a.C.). Além da estátua de
Ramsés II, os arqueólogos encontraram a estátua de um alto funcionário do
governo egípcio do período da dinastia XIX, com 35 cm de altura, feita de
arenito.
Abu Simbel permaneceu soterrada pelas areias do deserto até 1812, ano em que foi
descoberta por Jean-Louis Burckhardt. A
construção da grande barragem de Assuão alterou o nível das águas do Nilo,
razão pela qual os templos foram desmontados, cortados em 1036 blocos e
montados num local mais alto entre os anos de 1964 e 1968, numa campanha
internacional promovida pela UNESCO.
Em Uadi es-Sebua Ramsés mandou
construir um novo templo dedicado a Ré e a si próprio. Na direção dos trabalhos
esteve Setau, vice-rei da Núbia, que recrutou homens das tribos locais para a
construção. No mesmo local Ramsés ordenou a reconstrução de um templo erguido
por Amenófis III que fora danificado durante a era de Amarna.
Sala hipóstila do Ramesseum
O templo funerário de Ramsés é conhecido como o Ramesseum.
Situado na margem ocidental de Tebas
estava dedicado ao deus Amon e ao próprio faraó, encontrando-se hoje num estado
bastante deteriorado. O templo era famoso pela estátua colossal de Ramsés em
posição sentada (da qual apenas restam fragmentos). Nas paredes do templo foram
representados eventos como a Batalha de Kadesh e a celebração da festa do deus
Min, assim como uma procissão dos numerosos filhos do faraó. No local foi
descoberto um papiro que continha a obra literária "Conto do Camponês
Eloquente" e textos de carácter médico.
Ramsés faleceu no ano 67 do seu reinado, quando já teria mais de noventa
anos. O Egipto conseguiu continuar a exercer controle sobre Canaã e Sinai até a
parte final da XIX dinastia.
O túmulo de Ramsés foi construído no Vale
dos Reis (KV7), necrópole de eleição
dos faraós do Império Novo, tendo sido preparado pelo seu vizir do sul, Pasar.
Embora seja maior que o túmulo do seu pai, o túmulo não é tão ricamente
decorado e encontra-se hoje danificado. Do seu espólio funerário restam poucos
objetos, que estão espalhados por vários museus do mundo.
A múmia do faraó
foi encontrada num túmulo coletivo de Deir
el-Bahari no ano de 1881. Em 1885 a múmia foi colocada no Museu Egípcio do Cairo onde
permanece até hoje. Em 1976
a múmia de Ramsés realizou uma viagem até Paris onde fez parte
de uma exposição dedicada ao faraó e onde foi sujeita a análises com raios X. Na
capital francesa uma equipe composta por cento e dez cientistas foi responsável
por tentar descobrir as razões pelas quais a múmia se degradava progressivamente.
Os cientistas atribuíram esta degradação à ação de um cogumelo, o Daedela
Biennis, que foi destruído com uma irradiação de gama de cobalto 60. As
análises revelaram que Ramsés sofria de doença dentária e óssea.[carece de
fontes?]
Em 1976, a múmia de Ramsés realizou uma viagem até Paris onde fez parte
de uma exposição dedicada ao faraó e onde foi sujeita a análises com raios X
onde foi tratada contra uma infestação de fungos. Na capital francesa uma
equipe composta por cento e dez cientistas foi responsável por tentar descobrir
as razões pelas quais a múmia se degradava progressivamente. Os cientistas
atribuíram esta degradação à ação de um cogumelo, o Daedela Biennis, que foi
destruído com uma irradiação de gama de cobalto 60. As análises revelaram que
Ramsés sofria de doença dentária e óssea.[carece de
fontes?].
Nessa ocasião, foi providenciado um passaporte para a múmia em que
constava sua ocupação: "Rei falecido". Chegando à França, ao desembarcar
no aeroporto de Le Bourget, em Paris, a múmia de Ramsés foi pomposamente
saudada com honras militares destinadas a monarcas e chefes de estado.
Outra curiosidade a respeito dele, pois como é o faraó mais conhecido,
Hollywood e outras produções cinematográficas usaram o nome dele para
representar o Faraó do Êxodo em suas histórias sobre o livro homônimo da
Bíblia.[carece de
fontes?] A
associação comum de Ramsés II com o Faraó do êxodo bíblico foi largamente
difundida por uma má interpretação de êxodo 1.11, mas estudiosos modernos
concordam que a datação correta para o êxodo de acordo com a Bíblia, seria com
a partir de I Reis 6.1, que coloca o êxodo a cerca de 480 anos antes dos dias
do Rei Salomão. Segundo descobertas recentes, Ramsés II não poderia ter sido o faraó do êxodo, pois o
relato da Estela de Merneptá, seu filho e sucessor,
menciona Israel
como uma nação já estabelecida entre os cananeus. Seguindo a data proposta em I
Reis 6.1, o êxodo coincide com o reinado do Faraó Tutmés
III, que, curiosamente, teve a múmia substituída por outra 30 anos mais
jovem.
Como se fazia no Antigo Egito, Ramsés tinha um série de nomes que
compunham a sua titulatura. Ramsés é o seu nome de
nascimento e significa "nascido de Rá" ou
"filho de Rá". O seu prenome, isto é, o nome que este assumiu quando
se tornou faraó foi Usermaet-rá Setepenrá, o que é
traduzido como "Poderosa é a justiça de Rá - Escolhido por Rá".
Rˁ-ms-sw Mr(y)-Jmn
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Ra-ms-sw Mer(y)-Imn
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Ramessessu (Ramsés) Meiamun
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Wsr-mAat-ra Stp-n-ra
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Wasermaar-rá Setepenrá
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"Poderosa é a justiça de Rá. O escolhido de
Rá."
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Kanakht Merimaat
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- Série Ramsés, de Christian Jacq, Bertand Brasil
- Ozymandias, poema de Percy Bysshe Shelley
Referências
- ↑ Ir para: a b Grandes Impérios e Civilizações - O Mundo Egípcio, Vol. 1, pg. 37 - tradução:Maria Emília Vidgal, 1996 Edições Del Prado (Portugal e Brasil), ISBN 87-7838-736-6
- JACQ, Christian - O Egipto dos Grandes Faraós. Porto: ASA, 1999. ISBN 972-41-2046-5
- Menu, Bernadette (2002). Ramsés II: Soberano dos soberanos. Col: “Descobertas”. Rio de Janeiro: Editora Objetiva. ISBN 9788573023558
Precedido
por
Seti I |
Sucedido
por
Merneptá |
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FONTE:https://pt.wikipedia.org/wiki/Ramsés_II




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