Romeu
e Julieta
Origem:
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Nota:
Para outros significados de Romeu e Julieta, veja Romeu e Julieta (desambiguação).
Pintura a óleo de 1870 por Ford
Madox Brown retratando a famosa cena do terraço de Romeu e Julieta.
Romeu e Julieta (no
original em inglês Romeo and Juliet) é uma tragédia escrita entre 1591 e 1595, nos
primórdios da carreira literária de William Shakespeare, sobre dois adolescentes
cuja morte acaba unindo suas famílias, outrora em pé de guerra. A peça ficou
entre as mais populares na época
de Shakespeare e, ao lado de Hamlet, é uma
das suas obras mais levadas aos palcos do mundo inteiro. Hoje, o relacionamento
dos dois jovens é considerado como o arquétipo
do amor juvenil.
Romeu e Julieta pertence a uma tradição de
romances trágicos que remonta à antiguidade.
Seu enredo é baseado em um conto da Itália,
traduzido em versos como A Trágica História de Romeu e
Julieta por Arthur Brooke em 1562, e retomado em prosa como Palácio do Prazer por William
Painter em 1582. Shakespeare baseou-se em ambos, mas reforçou a ação de
personagens secundários, especialmente Mercúcio e Páris, a fim de expandir o
enredo. O texto foi publicado pela primeira vez em um quarto[a]
de 1597, mas essa versão foi considerada como de péssima qualidade, o que
estimulou muitas outras edições posteriores que trouxeram consonância com o
texto original shakespeariano.
A estrutura dramática usada por Shakespeare—especialmente os efeitos de
genéricos como a comutação entre comédia e tragédia
para aumentar a tensão; o foco em personagens mais secundários e a utilização
de sub-enredos para embelezar a história—tem sido elogiada como um sinal
precoce de sua habilidade dramática e maturidade artística. Além disso, a peça
atribui distintas formas poéticas aos personagens para
mostrar que eles evoluem; Romeu, por exemplo, fica mais versado nos sonetos a medida
que a trama segue.
Em mais de cinco séculos de realização, Romeu e Julieta tem sido
adaptada nos infinitos campos e áreas do teatro, cinema, música e literatura.
Enquanto William Davenant tentava revigorá-la durante a
Restauração inglesa, e David Garrick modificava cenas e removia materiais
considerados indecentes no século XVIII, Charlotte
Cushman, no século XIX, apresentava ao público uma versão que
preservava o texto de Shakespeare. A peça tornou-se memorável nos palcos
brasileiros com a interpretação de Paulo
Porto e Sônia Oiticica nos papéis principais, e serviu de
influência para o Visconde de Taunay em seu Inocência, também baseado em Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, considerado o
"Romeu e Julieta lusitano". Além de se mostrar influente no ultrarromantismo
português e no naturalismo brasileiro, Romeu e Julieta mantém-se
famosa nas produções cinematográficas atuais, notavelmente na versão de 1968 de Zeffirelli,
indicado como melhor filme, e no mais recente Romeu
+ Julieta, de Luhrmann, que traz seu enredo para a atualidade.
Índice
[esconder]
- 1 Personagens
- 2 Sinopse
- 3 Fontes textuais
- 4 Data e texto
- 5 Temática
- 6 Crítica e interpretação
- 6.1 Contexto histórico
- 6.2 Estrutura dramática
- 6.3 Linguagem
- 6.4 Psicanálise
- 6.5 Feminismo
- 6.6 Teoria homossexual
- 7 História das encenações
- 8 Influência artística
- 9 Indícios históricos
- 10 Notas
- 11 Referências
- 12 Ligações externas
Personagens[editar | editar código-fonte]
Romeu e Julieta retrata a interação entre
três proeminentes famílias em Verona:[1]
Casa
dos Capuleto
Governo
|
Casa
dos Montéquio
Outros
|
Sinopse[editar | editar código-fonte]
“Duas famílias, iguais em
dignidade …”
— Coro[3]
O Último Beijo de Romeu em Julieta por Francesco
Hayez. Óleo sobre tela, 1823.
A peça abre numa rua com o desentendimento entre os Montecchios e os
Capuletos. O Príncipe de Verona intervém e declara que irá punir com morte as pessoas
que colaborarem para mais uma briga de ambas as famílias. Mais tarde, Páris
conversa com Capuleto sobre o casamento de sua filha com ele, mas Capuleto está
confuso quanto o pedido porque Julieta tem somente treze anos. Capuleto pede
para Páris aguardar dois anos e o convida a uma planejada festa de balé que será
realizada na casa. A Senhora Capuleto e a Ama de Julieta tentam persuadir a moça
a aceitar o cortejo de Páris. Após a briga, Benvólio encontra-se com seu primo
Romeu, filho dos Montecchios, e conversa sobre a depressão do moço. Benvólio
acaba descobrindo que ela é o resultado de um amor não-correspondido por uma
garota chamada Rosalina, uma das sobrinhas do Capuleto. Persuadido por Benvólio
e Mercúcio, Romeu atende o convite da festa que acontecerá na casa dos
Capuletos em esperança de encontrar-se com Rosalina. Contudo, Romeu apaixona-se
perdidamente por Julieta. Após a festa, na famosa "cena da varanda",
Romeu pula o muro do pátio dos Capuletos e ouve as declarações de amor de
Julieta, apesar de seu ódio pelos Montecchios. Romeu e Julieta decidem se
casar.
Com a ajuda de Frei Lourenço - esperançoso da reconciliação das famílias
através da união dos dois jovens - eles conseguem se casar secretamente no dia
seguinte. Teobaldo, primo de Julieta, sentindo-se ofendido pelo fato de Romeu
ter fugido da festa, desafia o moço para um duelo. Romeu, que agora considera
Teobaldo seu companheiro, recusa lutar com ele. Mercúcio sente-se incentivado a
aceitar o duelo em nome de Romeu por conta de sua "calma submissão, vil e
insultuosa".[4]
Durante o duelo, Mercúcio é fatalmente ferido e Romeu, irritado com a morte do
amigo, prossegue o confronto e mata Teobaldo. O Príncipe decide exilar Romeu de
Verona por conta do assassinato salientando que, se ele retornar, terá sua
última hora.[5]
Capuleto, interpretando erroneamente a dor de Julieta, concorda em casá-la
imediatamente com o Conde Páris e ameaça deserdá-la quando ela recusa-se a se
tornar a "alegre noiva" de Páris. Quando ela pede, em seguida, o
adiantamento do casamento, a mãe lhe rejeita. Quando escurece, Romeu,
secretamente, passa toda a noite no quarto de Julieta, onde eles consumam seu
casamento.
A Reconciliação dos Montecchios e Capuletos Diante da Morte de Romeu e
Julieta, por Frederic Leighton, 1855.
No dia seguinte, Julieta visita Frei Lourenço pedindo-lhe ajuda para
escapar do casamento, e o Frei lhe oferece um pequeno frasco, aconselhando:
"… bebe seu conteúdo, que pelas veias, logo, há de correr-te humor frio,
de efeito entorpecedor, sem que a bater o pulso continue em seu curso normal,
parando logo…"[6]
O frasco, se ingerido, faz com que a pessoa durma e fique num estado semelhante
a morte, em coma por "quarenta e duas horas".[7]
Com a morte aparente, os familiares pensarão que a moça está morta e, assim,
ela não se casará indesejadamente. Por fim, Lourenço promete que enviará um
mensageiro para informar Romeu — ainda em exílio — do plano que irá uni-los e,
assim, fazer com que ele retorne para Verona no mesmo momento em que a jovem despertar.
Na noite antes do casamento, Julieta toma o remédio e, quando descobrem que ela
está "morta", colocam seu corpo na cripta da família.
A mensagem, contudo, termina sendo extraviada e Romeu pensa que Julieta
realmente está morta quando o criado Baltasar lhe conta o ocorrido.
Amargamente, o protagonista compra um veneno fatal de um
boticário
que encontra no meio do caminho e dirige-se para a cripta dos Capuletos. Por
lá, ele defronta-se com a figura de Paris. Acreditando que Romeu fosse um
vândalo, Páris confronta-se contra o desconhecido e, na batalha, Romeu o
assassina. Ainda acreditando que sua amada está morta, ele bebe a poção.
Julieta acaba acordando e, descobrindo a morte de Romeu, se suicida com o
punhal dele, vendo que a poção do moço não possuía mais nenhuma gota. As duas
famílias e o Príncipe se encontram na tumba e descobrem os
três mortos. Frei Lourenço reconta a história do amor impossível dos jovens
para as duas famílias que agora se reconciliam pela morte dos seus filhos. A
peça termina com a elegia do Príncipe para os amantes: "Jamais história
alguma houve mais dolorosa / Do que a de Julieta e a do seu Romeu."[8]
Fontes textuais[editar |
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Publicação da tradução de William
Caxton sobre o conto de Píramo e Tisbe de Ovídio, 1480.
Romeu e Julieta pertence a uma tradição de
romances trágicos que remontam a antiguidade. Um desses romances é o da
história de Píramo e Tisbe, da Metamorfoses
de Ovídio,
cujo enredo contém paralelos com a história de Shakespeare: os pais dos dois
amantes detestam-se mutuamente, e Píramo acaba acreditando que Tisbe está
morta.[9]
Tradutores contemporâneos deste poema
narrativo muitas vezes referem-se ao enredo de Píramo e Tisbe como "o
Romeu e Julieta da antiguidade".[10]
Os Contos Efésios de Xenofonte de Efésios, escrito em meados do século III,
também possui muitos elementos semelhantes ao da peça, incluindo a separação
drástica dos protagonistas, e o frasco cuja bebida induz a um estado de morte
aparente.[11]
A versão mais recente conhecida do conto de Romeu e Julieta é a
história de Mariotto e Gianozza por Masuccio Salernitano, no conto 33 de seu Il
Novellino, publicado em 1476.[12]
Salernitano ambienta sua história em Siena e implanta
algumas locações de sua própria vida nos eventos da história.[12]
A sua versão inclui elementos como o casamento secreto, o conluio do Frade, a
briga que decorre do assassinato de um cidadão, o exílio de Mariotto, o
casamento forçado de Gianozza, o frasco, e a mensagem crucial no final.[12]
Nesta versão, Mariotto é capturado e decapitado, enquanto Gianozza morre de
tristeza.[13][14]
Luigi da Porto adaptou essa história como Giulietta
e Romeo e a incluiu em sua Historia novellamente ritrovata di due Nobili
Amanti publicada em 1530, juntando o conto de Píramo e Tisbe com o Decamerão
de Giovanni Boccaccio.[15]
Da Porto contribuiu muito para a concepção moderna, pois além de elaborar o
nome dos amantes e de suas famílias rivais como Montecchi e Capuleti, colocou a
localização da peça em Verona.[12]
Ele também criou personagens que hoje correspondem ao Mercúcio, ao Tebaldo e ao
Páris de Shakespeare. Da Porto apresenta o seu conto como historicamente
verdadeiro e alega que ele se passou na época de Bartolomeo II della Scala (um século
antes de Salernitano).[12]
Os Montecchios e os Capuletos eram facções políticas do século XIII, mas a
única ligação dissidente que ocorreu entre eles é a mencionada no Purgatório de Dante.[16]
Na versão de da Porto, Romeu toma o veneno e Giulietta se fere com o punhal do
amado.[17]
Frontíspicio do poema Romeu e Julieta de Arthur
Brooke.
Em 1554, Matteo Bandello publicou o segundo volume de seu Novelle
incluindo a sua própria versão de Giulietta e Romeo.[15]
Bandello enfatiza a inicial tristeza de Romeu no início da peça e a contenda
entre as famílias, além de introduzir na obra Benvólio e a Ama.[15]
O enredo produzido por Bandello foi traduzido para a língua francesa por Pierre Boaistuau em 1559 no
primeiro volume de sua Histories Tragiques.[18]
Boaistuau adicionou moralidade e sentimento, e também um tanto de linguagem
retórica nos diálogos das personagens da obra.[18]
Como havia uma tendência entre os poetas e dramaturgos em publicar
trabalhos baseados nas famosas novelles italianas — os contos da Itália
figuravam entre os mais populares do teatro da época - Shakespeare tomou
vantagem dessa popularidade nas seguintes obras (todas derivadas de novelles
italianas): O Mercador de Veneza, Muito Barulho Por Nada, Tudo Bem Quando Termina Bem, Medida
por Medida, e Romeu e Julieta.[19][20]
O bardo inglês pode ter sido muito bem familiarizado com a coleção de contos de
1567 elaborada por William Painter, intitulado Palácio do Prazer,
que inclui uma versão em prosa da história de Romeu e Julieta nomeada "The
goodly History of the true and constant love of Rhomeo and Julietta".[20]
Antes dessas produções, contudo, em 1562 era publicado o poema narrativo A Trágica História de Romeu e
Julieta de Arthur Brooke que, embora tivesse elementos
intencionalmente ajustados para refletir alguns trechos do enredo de Tróilo
e Créssida de Chaucer, é considerado uma tradução fiel da versão de
Boaistuau.[21]
Acredita-se que Romeu e Julieta seja uma dramatização desta
tradução de Brooke, e que Shakespeare segue o texto fielmente,
acrescentando-lhe, contudo, maiores destaques para a maioria dos personagens
secundários, especialmente a Ama e Mercúcio.[22][23]
Dido, rainha de Cartago e Herói e Líder — ambos os poemas
escritos na época de Shakespeare pelo seu contemporâneo Christopher Marlowe — talvez tenham sido
influências diretas para a história de Romeu e Julieta, mesmo que o
final de ambos tenha a atmosfera na qual as trágicas histórias de amor pudessem
prosperar, ao contrário do final trágico da peça.[21]
Data e texto[editar | editar código-fonte]
Capa do Segundo Quarto de Romeu e Julieta publicado em 1599.
Os estudiosos não sabem exatamente quando Shakespeare escreveu Romeu
e Julieta. No entanto, podemos adquirir determinadas pistas: a Ama de
Julieta refere-se a um terremoto que tinha ocorrido 11 anos antes.[24]
Considerando que surgiu um terremoto na Inglaterra em 1580, é possível
determinar que a peça se passa em 1591 ou que esse é o ano em que Shakespeare
escreveu a obra, embora muitos outros terremotos, tanto na Inglaterra quanto em
Verona tenham ocorrido antes ou depois, fazendo com que diferentes datas sejam
propostas.[25]
Considerando também que os estudiosos apontam semelhanças do estilo artístico
usado em Romeu e Julieta a Sonhos de Uma Noite de Verão e
outras peças convencionalmente datadas em 1594-95, a tradição diz que Romeu
e Julieta foi composta entre 1591 e 1595.[26]
Existe a hipótese de que a peça era ainda um projeto recentemente iniciado no
ano de 1591, concluído por Shakespeare em 1595.[27]
O Romeu e Julieta de Shakespeare foi publicado em duas edições de
quarto antes da publicação do First
Folio em 1623. As duas versões são referidas como Q1 e Q2, respectivamente.
A primeira edição impressa, Q1, aparece no início de 1597, realizada por John
Danter. Como seu texto contém muitas diferenças se comparada às últimas
edições, ela é conhecida como um 'mau quarto'.[28]
O editor T.J.B. Spencer explicou, no século XX, que a versão "tem um texto
detestável, provavelmente uma reconstrução da peça a partir de memórias
imperfeitas de um ou mais ator(es)", sugerindo que ela foi pirateada para
publicação.[28]
Uma possível explicação para essas deficiências da Q1 é que a peça (como muitas
outras de seu tempo) pode ter sido editada antes da atuação da companhia de
teatro.[29]
Em qualquer caso, seu aparecimento no início de 1597 torna o ano de 1596 como a
data mais tardia para a composição da obra.[25]
Facsimile da primeira página de Romeu e Julieta, no First
Folio publicado em 1623.
A segunda edição, Q2, é chamada de A Excelentíssima e Lamentável
Tragédia de Romeu e Julieta e representa um texto superior ao da versão
anterior (Q1).[29]
Impressa em 1599 por Thomas Creede e publicada por Cuthbert Burby, ela possui
cerca de 800 linhas a mais do que a Q1.[29]
A sua capa descreve-a como "recém-corrigida, aumentada e alterada".
Com base nessa informação, acredita-se que a Q2 foi baseada no projeto
pré-encenação de Shakespeare (conhecido como seu "foul papers"), uma
vez que existem curiosidades textuais como as diversas rubricas para
personagens e "falsos inícios" para discursos que foram
presumivelmente arrancados pelo autor mas erroneamente preservados pelo editor.[29]
Seu texto é mais completo e fiável, e por isso foi reimpresso em 1609 (Q3),
1622 (Q4) e 1637 (Q5).[28]
Com efeito, todos os últimos quartos e fólios de Romeu e Julieta são
baseados em Q2, como todas as edições modernas e seus editores acreditam que
qualquer defeito que haja em edições anteriores ao Q2 (boas ou más) foram
causadas pelos seus respectivos impressores e/ou pelas gráficas e editoras da
época, e não por William Shakespeare.[29]
O texto do Primeiro Fólio, de 1623, é baseado primariamente em Q3, com
esclarecimentos e correções feitos a partir de um livro teatral ou a partir do
Q1.[28][30]
Outras edições da peça em Fólio foram impressas em 1632 (F2), 1664 (F3), e em
1685 (F4).[31]
As versões modernas - contando com os vários fólios e quartos - apareceram pela
primeira vez na edição de 1709 do dramaturgo Nicholas
Rowe, seguido pela versão de Alexander
Pope em 1723. Essa última versão merece especial destaque, porque Pope
iniciou uma tradição editiva da peça ao adicionar algumas etapas de posições de
palco e cena, já que Q2 carecia dessas direções, presentes, contudo, em Q1.[31]
A tradição continuou a ser usada no período do Romantismo.[32]
As edições com maior número de notas apareceram pela primeira vez na Era
vitoriana e continuam a ser produzidas nos dias de hoje, onde existem uma
ampla variedade de notas ao longo do texto, destacando e explicando as origens
e a cultura por detrás da peça.[32]
Temática[editar | editar código-fonte]
Os críticos têm encontrado uma certa dificuldade em atribuir um tema
específico ou mais bem apresentado na peça de Romeu e Julieta.[33]
As propostas que surgiram como temas principais são: a descoberta que as
personagens fazem sobre os seres humanos, compreendendo que eles não são nem
totalmente bons nem totalmente maus e que, em vez disso, são um pouco dos dois;[33]
o despertar da fantasia onírica e a entrada para a realidade;[33]
o perigo que existe na ação precipitada sem qualquer tipo de racionalização,[33]
e o poder que existe num destino trágico.[33]
Embora esse conjunto de temática forme um enredo complexo para os críticos
definirem uma temática principal, a peça está repleta de vários elementos
temáticos que se entrelaçam. Os que são mais frequentemente debatidos pelos
estudiosos são tratados a seguir:[34]
Amor[editar | editar código-fonte]
Romeu:
Se minha mão profana o relicário, em remissão aceito a penitência: meu lábio, peregrino solitário, demonstrará, com sobra, reverência. Julieta: Ofendeis vossa mão, bom peregrino, que se mostrou devota e reverente. Nas mãos dos santos pega o paladino. Esse é o beijo mais santo e conveniente. |
Romeu e Julieta, Ato I, Cena V[35]
|
Romeu e Julieta é por vezes considerada uma
obra sem temas, com a ressalva de que trata do amor entre dois jovens
apaixonados.[33]
Estes dois jovens tornaram-se com o tempo a emblemática dos jovens amantes que
são condenados pelo seu amor. Uma vez que o tema se apresenta de forma muito
clara na peça, há uma grande exploração da linguagem e do contexto histórico
por trás desse romance.[36]
Em seu primeiro encontro, Romeu e Julieta utilizam uma forma de comunicação
recomendada por muitos autores críticos da época de Shakespeare: a metáfora.
Usando metáforas de santos
e pecados,
Romeu teve a oportunidade de testar os sentimentos que Julieta nutria por ele
de uma forma não-ameaçadora.[36]
Esse método estilístico era recomendado pelo diplomata e cortesão
italiano Baldassare Castiglione (cujas obras haviam
sido traduzidas para o inglês da época).[36]
Castiglione lembra que, se um homem utiliza uma metáfora como um convite, a
mulher pode fingir que ela não entendeu o que ele disse, e então ele poderia
recuar sem perder a honra.[37]
Julieta, no entanto, participa da metáfora de seu amado e colabora para seu
desenvolvimento, expandindo-a. Metáforas religiosas como "santuário",
"peregrino" e "santo" se encontravam na moda poética da
época e eram consecutivamente mais suscetíveis de serem compreendidas como algo
romântico, ao invés de bobagens ou blasfêmias, como o conceito de santidade
ficou associada tempos depois através do Catolicismo.[37]
Mais tarde, Shakespeare remove as alusões mais
audazes que ele encontrou na história de Romeu e Julieta
de Brooke,
como uma acerca da ressurreição de Cristo.[38]
Frank Dicksee retrata a cena do terraço no quadro Romeu e Julieta,
1884
Na famosa cena do terraço, Shakespeare coloca Romeu ouvindo por acaso o
solilóquio de Julieta, embora na versão de Brooke a declaração da moça é feita
sem ninguém escutar. Ao aproximar Romeu na cena para escutar sua amante,
Shakespeare quebra com a sequência tradicional da corte: normalmente, as
mulheres eram obrigadas a serem tímidas e modestas para se certificarem que
seus pretendentes eram sinceros para com elas.[38]
A quebra (intencional) dessa regra serve apenas para adiantar um pouco o enredo
teatral, contudo.[38]
Os amantes são capazes de pular a parte das declarações de amor e passar a
falar de sua relação—como quando decidem se casar depois de se conhecerem em
apenas uma única noite.[36]
Se nos focarmos na cena final do suicídio, podemos perceber uma contradição na
mensagem: na religião católica, os suicidas eram condenados para viverem e
amargarem no inferno;
porém, existia também o conceito de que, se morressem através da "Religião
do Amor", ao lado de seu amor, estariam unidos com ele no paraíso.[39]
Portanto, o amor entre Romeu e Julieta parece expressar a "Religião do
Amor", em vez de expressar a visão católica.[39]
Outro ponto interessante de ressaltar é que, embora o amor de ambos seja
passional, ele só se consumou no casamento, o que os impede de perder a
simpatia do público.[39]
Indiscutivelmente, Shakespeare relaciona sexo e amor com a morte. Por
exemplo: ao longo da história, tanto Romeu como Julieta, assim como as outras
personagens, a personificam como um acontecimento sombrio,
frequentemente equiparando-a com o Erotismo: ao
descobrir a morte (falsa) de Julieta, por exemplo, Capuleto diz que sua filha
foi "desflorada",[40]
uma alusão simples para o fim da virgindade
feminina.[41]
Julieta também compara Romeu com a morte de forma erótica e,
mesmo antes de seu suicídio, ela se apossa do punhal de Romeu e diz: "Oh!
sê bem-vindo, punhal! Tua bainha é aqui. Repousa aí bem quieto e deixa-me
morrer."[41][42]
Azar e sorte[editar | editar código-fonte]
Ó, Sou o bobo da fortuna!
|
Romeu[43]
|
Os estudiosos se encontram divididos quanto ao papel da sorte na peça.
Não existe consenso entre eles sobre se os protagonistas são realmente fadados
a morrerem juntos ou se os eventos ocorrem através de uma série de hipóteses
azaradas. Os argumentos a favor do destino geralmente referem-se aos dois como
"amantes desditosos".[44]
Essa expressão aponta que as estrelas predeterminam o futuro dos amantes.[45]
O estudioso John W. Draper acredita que existe um paralelo entre a crença
Isabelina dos "quatro humores" e os principais personagens da peça
(sendo Tebaldo um hipocondríaco).[46]
Interpretar o texto através dos humores reduz o valor do enredo atribuído ao
acaso pelas audiências modernas.[46]
Ainda nesse tema, outros estudiosos encontram na peça um enredo envolto
de muito azar, colocando-a não como uma tragédia, mas como um melodrama
emocional.[46]
Ruth Nevo crê que o elevado grau em que a oportunidade é sublinhada na
narrativa faz de Romeu e Julieta a mais fútil das tragédias em seus
acontecimentos, mas não em seus personagens: quando Tebaldo desafia Romeu para
uma luta, por exemplo, ele não está sendo impulsivo, ou seja, após a morte de
Mercúcio, a ação mais esperada no momento e sua escolha termina sendo tomada.[47]
Nessa cena, Nevo lê Romeu como um jovem consciente dos perigos que o
desrespeito das normais sociais, de identidade e compromissos podem
acarretar e, por isso, ele decide cometer um assassínio não por causa de uma
"falha trágica", mas devido à circunstância.[47]
Dualidade[editar | editar código-fonte]
Segundo Caroline Spurgeon, "… em Romeu e Julieta a imagem
dominante é a luz, e todas as formas e manifestações da mesma: o sol, a lua, as
estrelas, o fogo, os raios, os flashes de pólvora e a luz que reflete a beleza
e o amor, enquanto que, em contrapartida, temos a noite, a escuridão, as
nuvens, a chuva, a névoa e a fumaça."[48]
O conceito de luz e sombra é muito bem retratado no quadro Romeu no
Leito de Morte de Julieta, por Füssl, 1809.
Em verdade, os estudiosos têm longas críticas e análises acerca do amplo
uso da "luz" e da "escuridão" que Shakespeare fez questão
de utilizar na peça. Esse uso é uma técnica estilística muito facilmente
encontrada na literatura para referir em linguagem descritiva uma experiência
sensorial. Caroline Spurgeon considera esse tema da luz como "um símbolo
da beleza natural do amor juvenil"[47]
e essa interpretação serviu de argumento para outros críticos.[48]
De maneira resumida, podemos dizer que Romeu e Julieta vêem-se como uma luz na
escuridão circundante: o primeiro descreve a amada como se ela fosse o sol;[49]
mais brilhante do que uma tocha;[50]
uma jóia que brilha no escuro das noites,[51]
e um brilhante anjo entre nuvens negras.[52]
Até mesmo quando Julieta está (aparentemente) morta, ele diz: "... a
insígnia da beleza em teus lábios e nas faces ainda está carmesim, não tendo
feito progresso o pálido pendão da morte ..."[53]
Julieta, por sua vez, descreve Romeu como "dia em noite" e "mais
branco do que neve sobre um corvo."[54][55]
Esse contraste entre claro e escuro presente no diálogo de ambos pode
ser uma clara metáfora para amor e ódio, juventude e maturidade.[47]
Por vezes esses entrelaçamentos metafóricos criam o que se chama hoje de ironia dramática,
uma vez que o amor de Romeu e Julieta é uma luz no meio do ódio de seus
familiares, que seria a escuridão, mesmo que os dois jovens vivam um
relacionamento apaixonante na luz da noite, enquanto seus parentes briguem em
plena luz do dia.[47]
Uma vez existindo esses supostos paradoxos na peça, cria-se uma atmosfera do
dilema moral que os amantes terão que enfrentar: ser fiel à família ou ser fiel
ao amor?[55]
No final da história, quando a "manhã é sombria e o sol esconde seu
rosto de tristeza", segundo as palavras do próprio Príncipe de Verona, a
luz e a escuridão retornam a seus devidos lugares, e isto reflete a verdadeira
escuridão interior da luta entre as famílias diante da tristeza pelos amantes.
Os personagens então reconhecem seus erros à luz dos recentes acontecimentos, e
tudo volta à ordem natural, "graças ao amor de Romeu e Julieta".[48]
Além disso, o tema da "luz" e "escuridão" também pode ser
interpretado como uma forma ligada ao tempo, e assim os dramaturgos da
Inglaterra quinhentista expressavam a passagem de tempo através de descrições
do sol, da lua e das estrelas, enfim.[56]
Tempo[editar | editar código-fonte]
Este tempo de dor não é propício para fazermos a corte.
|
Páris[57]
|
O tempo em Romeu e Julieta desempenha um papel importante na
linguagem e no enredo da peça, uma vez que tanto Romeu quanto Julieta lutam
para manter um mundo imaginário em face da dura realidade que os rodeia. Quando
Romeu jura o seu amor por Julieta para a lua, ela protesta: "Não jures
pela lua, essa inconstante, que seu contorno circular altera todos os meses,
porque não pareça que teu amor, também, é assim mudável."[58]
Desde o início, os amantes são designados como estrelas cruzadas, baseado numa
crença da astrologia
associada com o tempo.[59]
Segundo essa crença, as estrelas controlam o destino da humanidade e, uma vez
que o tempo passa, as estrelas se movem ao longo de seu curso no céu, traçando
também o curso de vidas dos seres abaixo delas.[59]
Romeu, por exemplo, diz no início da peça que tem um pressentimento baseado nos
movimentos das estrelas e, quando pensa que Julieta está morta, ele desafia o
curso que elas têm guardado para ele.[46]
Outro tema central (e muito visível) é a rapidez com que os
acontecimentos se desenvolvem: a obra de Shakespeare abarca um período de
quatro a seis dias, enquanto que o poema de Brooke se passa em nove meses.[56]
Estudiosos como G. Thomas Tanselle, acreditam que o tempo foi
"especialmente importante para Shakespeare" nessa peça, uma vez que
ele usou referências a "curto prazo" para os jovens amantes, enquanto
usava referências a "longo prazo" para a geração mais velha
destacando uma provável "corrida precipitada para a perdição".[56]
Romeu e Julieta lutam contra o tempo para fazer com que seu amor dure para
sempre. No final, a única forma de derrotar o tempo parece ser através da morte
que os torna imortais através da arte.[60]
O tempo também está ligado ao tema da luz e da escuridão desenvolvido na
sub-seção anterior: na época de Shakespeare, as peças eram usualmente encenadas
de dia, e isso obrigou o dramaturgo a usar palavras para criar a
"ilusão" de dia e noite em suas peças.[61]
Além de se referir ao tempo através dos diálogos, que citam o sol, a lua, as
estrelas, o dia, a noite, os atores também se referiam a dias da semana e a
horas específicas para ajudarem o público na compreensão do ambiente da peça.[61]
Somente em Romeu e Julieta, por exemplo, pode-se encontrar exatamente
103 referências claras ao tempo.[62]
Crítica e interpretação[editar | editar código-fonte]
Contexto histórico[editar
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Retrato do primeiro crítico da peça, Samuel
Pepys, por John Hayls. Óleo sobre tela, 1666.
Os críticos têm observado muitos pontos fracos na peça Romeu e
Julieta, mas ela ainda é considerada como uma das melhores shakespearianas.
O mais famoso crítico da peça foi Samuel
Pepys, administrador naval e membro do
Parlamento conhecido pelos relatos históricos que ele escrevia em seu diário
pessoal.[63]
Entre esses relatos se encontram acontecimentos ocorridos na Grande Praga de Londres, na Segunda Guerra Anglo-Holandesa e no Grande Incêndio de Londres.[63]
Quanto à trama de Romeu e Julieta, Pepys escreveu em 1662: "é a pior peça
que já assisti em toda a minha vida."[63]
Dez anos depois, o poeta John Dryden elogiou a peça e o personagem Mercúcio:
"Shakespeare demonstrou o melhor da sua habilidade artística em seu Mercúcio,
e ele próprio dizia que foi obrigado a matá-lo no terceiro ato para evitar ser
morto por ele."[63]
A crítica da peça no século XVIII era menos esparsa, mas não menos dividida: o
editor Nicholas Rowe foi o primeiro crítico a refletir sobre o tema da obra,
concluindo que o final trágico foi uma punição justa para as duas famílias que
brigavam entre si.[64]
Em meados do mesmo século, o escritor Charles Gildon e o filósofo Lord Kames
argumentaram que a peça era um fracasso artístico, pois não seguia as
"regras clássicas" do teatro: "a tragédia final deve ocorrer por
conta de algum erro dos personagens envolvidos no enredo, e não por um acidente
do destino."[64]
Samuel
Johnson, contudo, considerava a peça mais agradável de Shakespeare.[64]
Em finais do século XVIII e através do século XIX, a crítica centrou-se
nos debates sobre a mensagem moral da peça. A adaptação do ator e dramaturgo David
Garrick, realizada em 1748, excluiu a personagem Rosalina, porque era visto
como inconstante e imprudente o abandono que Romeu faz para ficar com Julieta.[65]
Críticos como Charles Dibdin alegavam que a inclusão de Rosalina, no entanto,
era proposital para mostrar como o herói era imprudente, e que essa foi a
verdadeira razão para seu trágico fim.[65]
Outros argumentam que Frei Lourenço pode ter sido o porta voz que Shakespeare
utilizou para demonstrar suas advertências contra a pressa injustificada.[65]
Com o advento do século XX, todos esses argumentos acerca da moralidade da peça
foram contestados por críticos como Richard Green Moulton. Ele acreditava que o
acidente, e não a falha das personagens, foi o que as levou à morte.[66]
Estrutura dramática[editar
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Romeu e Julieta e Frei Lourenço por Henry Bunbury, 1792-96
Em Romeu e Julieta, Shakespeare emprega diversas técnicas dramáticas
que têm adquirido bastante elogio de críticos. A técnica mais notavelmente
destacada são as bruscas mudanças de gênero da comédia
para a tragédia
(como, por exemplo, o intercâmbio de paranomásia
entre Romeu e Mercúcio pouco antes da entrada de Tebaldo).[67]
Antes da morte de Mercúcio no Ato III, a peça é basicamente uma comédia, mas
após sua morte, a obra adquire subitamente um tom sério e assume elementos
trágicos.[67]
Quando Romeu é punido pelo Príncipe e se exila, o fato do protagonista não ter
sido executado e o de que Frei Lourenço oferece um plano para reunir ambos, o
público/leitor ainda pode esperar que os amantes acabarão bem.[68]
Nessa etapa, o público/leitor se encontra em um "estado ofegante de
suspense" até a abertura da última cena no túmulo, afinal, se Romeu está
atrasado o suficiente para o Frei aparecer, ele e Julieta ainda poderão se
salvar.[68]
Essas mudanças repentinas de estados (de esperança para desespero, e depois
indulto, e novamente esperança) são simplesmente elementos que servem para
salientar a tragédia, até que a esperança final termina e os protagonistas
morrem.[69]
Shakespeare também utiliza sub-enredos para oferecer uma visão mais
clara das ações dos personagens principais: quando a peça abre, Romeu está
apaixonado por Rosalina, que tem recusado toda a corte do moço. Esse afeto que
Romeu nutre por Rosalina é um evidente contraste entre seu amor por Julieta
mais tarde.[69]
Esse contraste permite uma comparação entre ambos os relacionamentos através do
qual o público (ou leitor) tem a chance de acreditar na seriedade do amor e do
casamento entre Romeu e Julieta.[69]
O afeto de Páris por Julieta também estabelece, por sua vez, um contraste entre
os sentimentos da moça por ele e seus sentimentos por Romeu.[69]
A linguagem formal que ela utiliza quando está na
presença de Páris, bem como a forma como ela fala sobre ele para sua Ama,
mostram que seus sentimentos mentem com Romeu.[69]
Além disso, o sub-enredo das rixas entre os Montecchios e os Capuletos
providencia uma atmosfera de ódio que se torna o principal contribuinte,
segundo alguns críticos, para o final trágico da peça.[69]
Linguagem[editar | editar código-fonte]
Romeu por Bianchini, um dos personagens que utiliza o soneto em suas
falas.
As formas poéticas utilizadas por
Shakespeare ao longo da obra são muito variadas, o que torna Romeu e Julieta
rica em poesia
(apesar das traduções para o português terem insistido na prosa). Ele inicia
com um prólogo
de 14 linhas em forma do soneto shakespeariano, recitado por um Coro.
A maior parte do texto de Romeu e Julieta é, contudo, escrita em versos
brancos, muitos deles dentro do pentâmetro iâmbico, com menor variação rítmica
do que a maioria de suas peças posteriores.[70]
Shakespeare escolhe suas formas poéticas de acordo com o personagem que irá
falar. Frei Lourenço, por exemplo, utiliza as formas do sermão e da
síntese, e a Ama usa unicamente o verso branco correspondendo rigorosamente à
fala coloquial.[70]
Cada uma dessas formas também é moldada à emoção da cena em que o personagem
ocupa. Romeu, por exemplo, no início da peça tenta usar o soneto de Petrarca para falar de Rosalina -
provavelmente porque essa forma era frequentemente utilizada pelos homens que
possuíam o intuito de elogiar a beleza das mulheres cujo amor era impossível de
atingir pela falta de reciprocidade, como na situação dele com Rosalina.[70]
Essa forma de soneto também é usada pela Senhora Capuleto quando ela tenta
convencer sua filha do homem maravilhoso que o Conde Páris é.[71]
Quando ocorre o encontro entre Romeu e Julieta, a forma poética muda: do
soneto petrarquiano (que estava se tornando arcaico na época de Shakespeare),
temos uma forma mais contemporânea de soneto, usando metáforas como
"peregrino" e "santos".[72]
Finalmente, quando os dois se encontram no terraço, Romeu tenta usar a forma de
soneto que sensibilize seu amor, mas Julieta rompe a técnica ao dizer:
"Acaso ainda me amas?"[73]
Ao fazer isso, ela busca uma expressão verdadeira e sincera, ao invés de uma
exageração poética do amor de ambos.[74]
Nas falas de Julieta, Shakespeare usa palavras com monossílabos
quando ela está diante de Romeu, e linguagem formal quando diante de Páris.[75]
Outras formas poéticas usadas na peça são o epitalâmio
(em Julieta); a rapsódia (no diálogo que Mercúcio cita uma tal de
Rainha Mab), e a elegia
(em Páris).[76]
Na linguagem da peça, Shakespeare economiza seu estilo prosaico,
utilizando-o com mais frequência nas falas das personagens mais pobres, embora
ele as use também em outras, como em Mercúcio.[77]
O humor, por sua
vez, é um elemento importante na obra: o estudioso Molly Mahood identificou,
pelo menos, 175 trocadilhos no texto.[78]
Muitos desses trocadilhos são piadas de natureza sexual, especialmente as que envolvem
Mercúcio e a Ama.[79]
Psicanálise[editar | editar código-fonte]
Os primeiros críticos psicanalíticos da peça viram um grande problema
no enredo de Romeu e Julieta: a personalidade impulsiva de Romeu,
decorrente de uma suposta "agressão mal-controlada e dissimulada",
que levou Mercúcio para a morte e também o suicídio dos amantes.[80]
Romeu e Julieta não é considerada como uma peça psicologicamente
complexa, e sua leitura psicanalítica se atenta a trágica experiência masculina
com a doença.[81]
Norman Holland, escrevendo em 1966, considerou o "sonho de Romeu"[82]
como um "desejo realista que satisfaça a fantasia de ambos em termos do
mundo adulto de Romeu e suas hipotéticas fase oral, fálica e edípica na infância, tão frequentes no desenvolvimento psicossexual".[83]
Hollanda aproveita e reconhece que um personagem dramático não é um ser humano
com os processos mentais separados dos do autor.[83]
Críticos como Julia Kristeva focam-se no ódio entre as duas famílias,
argumentando que esse ódio é a causa da paixão de Romeu e Julieta, e salienta
que essa sua compreensão se manifesta de forma muito clara na linguagem dos
dois: Julieta, por exemplo, diz "o meu único amor nasceu do meu único
ódio"[84]
e, muitas vezes, expressa sua paixão através da antecipação da morte de Romeu.[85]
Essas interpretações conduzem a uma especulação quanto à psicologia
do dramaturgo, em particular pelo luto que, dizem os psicanalistas, Shakespeare
foi obrigado a assumir diante da morte de seu filho Hamnet.[86]
Feminismo[editar | editar código-fonte]
A crítica
feminista argumenta que a culpa da briga entre as famílias de Verona reside
no sistema de sua sociedade patriarcal. Para Coppélia Kahn, por exemplo, o
código de violência restritamente masculino imposto a Romeu é a principal
força-matriz de sua tragédia; quando Teobaldo mata Mercúcio, Romeu torna-se
violento, lamentando que Julieta tenha o feito "afeminado".[87]
Nesta perspectiva, os jovens do sexo
masculino "tornam-se homens" por intermédio da violência
em nome de seus pais ou, no caso dos funcionários ou serviçais, de seus patrões
ou mestres. Na peça, a rivalidade também está ligada à virilidade
masculina, como demonstram suas inúmeras piadas sobre a "cabeça das
solteiras".[88][89]
Julieta também delega um código de docilidade feminina, permitindo que outros,
como o Frei, resolvam seus problemas por ela. Outros críticos, como Dympna
Callaghan, vê o feminismo na peça sob um ângulo
histórico, sublinhando que quando a peça foi escrita e encenada, a ordem feudal
era contestada pelo governo inglês, que estava cada vez mais centralizado e
influenciado pelo capitalismo; ao mesmo tempo, as novas ideias puritanas
acerca do casamento
estavam menos preocupadas com os males da "sexualidade feminina" do
que as das épocas anteriores, e mais simpáticas em relação às peças que tratavam
do tema do amor: assim, quando Julieta evita a tentativa de seu pai de
obrigá-la a se casar com um homem pelo qual ela não nutre sentimento algum, ela
estaria desafiando esta ordem patriarcal de uma forma que não teria sido
possível em um momento anterior da história.[90]
Teoria homossexual[editar
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A teoria queer é uma teoria sobre a identidade de gênero que afirma que a orientação sexual e a identidade
sexual ou de gênero dos indivíduos são o resultado de um constructo
social e que, portanto, não existem papéis sociais de gênero sexuais essencial
ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas socialmente
variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais. Baseados nesses
fundamentos, seus estudiosos se atentam na questão da sexualidade de Mercúcio e
Romeu, comparando a amizade de ambos com o amor sexual: Mercúcio, numa conversa
amigável, menciona o falo
de Romeu, sugerindo vestígios de homoerotismo entre os dois.[91]
Um exemplo é quando ele diz: "O que o magoara fora invocar no círculo da
amada um espírito estranho e aí deixá-lo até que ela o tivesse
exorcismado."[92][93]
O homoerotismo de Romeu também pode ser encontrado em sua atitude diante de
Rosalina, uma mulher que está distante e que não quer saber dele, e que não
demonstra nenhuma esperança de descendência. Benvólio até argumenta que é
melhor substituí-la por alguém que é recíproca. Os "sonetos de
procriação" de Shakespeare descrevem um outro jovem que, como Romeu, está
tendo dificuldades para ter filhos e que é homossexual.
Os críticos dessa teoria acreditam que Shakespeare pode ter utilizado Rosalina
como forma de expressar os problemas íntimos que os homossexuais enfrentam por
conta de suas faltas de procriação.[94]
Nessa perspectiva, quando Julieta diz "O que chamamos rosa [os críticos
dizem que ela faz alusão à Rosalina, sob uma outra designação teria igual
perfume",[95]
talvez ela esteja levantando a questão de saber se existe alguma diferença entre
a beleza de um homem e a beleza de uma mulher.[94]
História das encenações[editar | editar código-fonte]
Época de Shakespeare[editar
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Richard Burbage, o ator que mais provavelmente
viveu o papel de Romeu pela primeira vez.[96]
Romeu e Julieta figura — juntamente com Hamlet — um
espaço que a coloca como uma das peças shakespearianas mais encenadas,
conhecidas e adaptadas em todo o planeta.[97]
Suas diversas adaptações a transformaram numa das histórias mais famosas e mais
vigorosas de toda a literatura e arte em geral.[97]
Mesmo na época de Shakespeare a peça era extremamente popular. O acadêmico Gary
Taylor dizia que ela era a sexta peça mais famosa de Shakespeare (as cinco mais
famosas são, em ordem decrescente, Henrique VI, Parte 1, Ricardo III, Péricles, Príncipe de Tiro, Hamlet e Ricardo II), no período após a morte de Christopher Marlowe e Thomas Kyd,
mas antes da popularidade de Ben Jonson, que era o dramaturgo mais prestigiado de
toda a Londres
na época de Shakespeare.[98]
A data da primeira encenação da peça é desconhecida. O Primeiro Quarto
(Q1), impresso em 1597, diz que "ela tem sido muitas vezes encenada e
adquirido um grande público", o que nos dá a pista de que se realizaram
encenações antes dessa data.[98]
O Lord Chamberlain's Men foi certamente o
primeiro grupo a encená-la.[98]
Além de sua forte ligação com Shakespeare, William
Kempe é nomeado no Segundo Quarto (Q2) como Pedro numa linha do Ato V.[96]
Richard
Burbage foi provavelmente o primeiro ator a fazer Romeu, já que ele era o
líder da companhia e desempenhava os papéis dos protagonistas,
e Master Robert Goffe (um homem) foi provavelmente a primeira Julieta, uma vez
que na época as mulheres eram proibidas de desempenharem qualquer tipo de
papel.[96]
Através dessa formação, acredita-se que a primeira estreia da peça aconteceu no
"The
Theatre", com outras produções realizadas posteriormente no "The
Curtain".[99]
Além disso, Romeu e Julieta trata-se de uma das primeiras peças
shakespearianas a serem encenadas fora da Inglaterra:
uma breve versão da obra foi produzida em Nördlingen
no ano de 1604.[100]
Século XVIII[editar | editar código-fonte]
Todos os teatros ingleses foram fechados pelo governo puritano em 6
de Setembro de 1642.[101]
Após a restauração da monarquia em 1660, duas companhias patentes de teatro (a
Duke's Company e a King's Company) se uniram, e o repertório teatral ficou
dividido entre as duas.[101]
Mary Saunderson, provavelmente a primeira atriz a
ser Julieta profissionalmente.[102][103]
William Davenant, da Duke's Company, encenou uma
adaptação de 1662 em que o ator Henry Harris desempenhou o papel de Romeu; Thomas
Betterton era Mercúcio, e a esposa de Betterton, Mary
Saunderson, foi Julieta — ela foi provavelmente a primeira mulher a encenar
o papel profissionalmente.[102][103]
Outra versão, posterior a essa, seguiu de perto a adaptação de Davenant e era
produzida regularmente pela Duke's Company. Era uma espécie de tragicomédia
feita por James Howard, onde os dois amantes protagonistas acabam sobrevivendo
no final.[104]
The History and Fall of Caius Marius, de Thomas
Otway, uma das adaptações de Shakespeare mais extremas da restauração,
estreou em 1680. O enredo é totalmente diferente do original de Shakespeare: a
cena é ambientada na Roma antiga, em vez de ser na Verona da Renascença;
Romeu passou a ser chamado de Mário e Julieta de Lavínia; a rixa é entre os patrícios
e os plebeus e
Julieta/Lavínia acorda de sua aparente morte após Romeu/Mário morrer.[103]
Essa versão de Otway foi um sucesso, e continuou a ser encenada nos setenta
anos seguintes.[103]
Sua inovação na cena final foi ainda mais duradoura, sendo utilizada ao longo
de 200 anos: a adaptação de 1744 de Theophilus
Cibber e de David Garrick em 1748 aproveitaram as variações da
cena final criadas por Otway.[105]
Essas duas últimas versões, no entanto, eliminaram elementos considerados
inapropriados em suas épocas: Garrick, por exemplo, transferiu toda a linguagem
referente a Rosalina para Julieta, com o objetivo de reforçar a ideia de
fidelidade e de minimizar o tema do amor-a-primeira-vista.[106][107]
A primeira produção da peça conhecida na América do Norte foi amadora: em 23 de Março de
1730, um físico chamado Joachimus Bertrand anunciou no Jornal Gazeta, em Nova
Iorque, que promoveria uma produção em que ele iria desempenhar o papel de
boticário.[108]
No entanto, as primeiras encenações profissionais na América do Norte foram as
produzidas pela Companhia Teatral Hallam.[109]
Século XIX[editar | editar código-fonte]
A versão de Garrick — que alterava grande parte do enredo — ficou
bastante popular, sendo usada por quase um século.[103]
Contudo, nenhuma encenação do texto original de Shakespeare havia regressado
aos Estados Unidos até as irmãs Susan e Charlotte
Cushman a representarem em 1845, ambos como Romeu e Julieta,
respectivamente,[110]
e então em 1847 na Grã-Bretanha com Samuel
Phelps no Teatro Wells.[111]
Os Cushman respeitaram a versão de Shakespeare, que teve início com uma
sequência de oitenta e quatro encenações e sua representação de Romeu foi
considerada como genial por muitos críticos: O The Times,
por exemplo, escreveu na época: "Por muito tempo Romeu tem sido muito
convencional. O Romeu da senhorita Cushman é criativo, vivo, animado, um ser
muito ardente."[112]
A Rainha Vitória, por sua vez, escreveu em seu
jornal que "ninguém poderia imaginar que ela era uma mulher".[113]
O sucesso dos Cushman quebrou a tradição estabelecida primeiramente por Garrick
e preparou o caminho para as encenações posteriores começarem a se focar na
história original de Shakespeare.[103]
Em meados do século XIX, os espetáculos profissionais das obras de
Shakespeare (incluindo Romeu e Julieta) possuíam duas características
particulares: em primeiro lugar, eram, geralmente, veículos que os atores
encontravam para adquirir maior prestígio em suas carreiras, com o auxílio de
papéis secundários muitas vezes marginalizados para dar maior destaque e foco
aos personagens (e principalmente aos atores que os desempenhavam) centrais;[114]
em segundo lugar, eram "pictóricos", cuja ação passava-se em
espetaculares e elaborados palcos (exigindo longas pausas para a mudança de cenas)
onde se usava frequentemente a técnica de tableaux.[114]
Henry
Irving produziu Romeu e Julieta em 1882 no Teatro Lyceum (ele
próprio era Romeu e Ellen Terry era Julieta) cuja encenação ficou
caracterizada como "o arquétipo do estilo pictórico."[115]
Em 1895, Johnston Forbes-Robertson assumiu o lugar de Irving, e lançou as bases
para uma imagem mais natural de Shakespeare que continua a ser popular ainda
hoje, evitando a ostentação que Irving fazia e retratando os diálogos poéticos
como uma prosa realista cujo objetivo era evitar os desempenhos melodramáticos.[116]
No Japão,
George Crichton Miln produziu talvez a primeira encenação profissional da peça
no país: sua companhia de teatro excursionou por toda a Yokohama em
1890.[117]
Ao longo do século XIX, Romeu e Julieta tinha sido uma das peças mais
populares de Shakespeare, se formos nos focar ao número de encenações
profissionais que se realizaram dando novas versões à peça.[118]
No século XX, a obra passaria a ser a segunda mais popular de Shakespeare,
atrás somente de Hamlet.[118]
Século XX[editar | editar código-fonte]
Paulo
Porto e Sônia Oiticica como Romeu e Julieta, na produção
mais prestigiada da peça no Brasil.
Ainda que não-profissionalmente, em 1904 a peça já era encenada no Brasil, em São Paulo, tendo Eurico Cuneo na direção e,
entre o elenco, encontravam-se a atriz Itália
Fausta.[119]
Com a produção do Teatro Universitário, em 1945, no Rio de Janeiro, Nicette
Bruno encenou a peça ao lado de outros nomes como Sérgio
Britto e Sérgio Cardoso, na direção de Esther Leão.[120]
A versão brasileira que merece destaque, contudo, é a de 1938, produzida no
Teatro São Caetano, também no Rio de Janeiro, que contava com um elenco com
nomes como Antônio de Pádua, Paulo Ventania Porto e Sônia
Oiticica (estreando nos palcos).[121]
Nesta produção, Itália Fausta (a que era Julieta na encenação de
1904), dirigiu e coordenou o texto traduzido por Domingos Ramos, contando com a
trilha sonora do músico F. Chiafitelli.[121]
Tal versão — que antecipou em vários procedimentos o advento da encenação
moderna em território brasileiro —[122]
conquistou, em particular, o público e a crítica da época (tanto mineira quanto paulista),
além de receber diversos prêmios nacionais e internacionais, como também se
apresentar em Londres,
Alemanha, Madri, e no próprio Globe
Theatre, onde a companhia teatral de Shakespeare fez as primeiras
apresentações de suas obras.[122]
Por interpretar Julieta nessa produção, Sônia é conhecida hoje como a primeira
atriz brasileira a desempenhar o papel.[123]
Além disso, sua interpretação lhe rendeu um enorme prestígio nos palcos
brasileiros.[123]
Houve uma recontextualização dessa produção, dirigida por Gabriel
Villela 54 anos depois.[122]
John
Gielgud, que estava entre os atores mais famosos do século XX a
interpretarem Romeu, Frei Lourenço e Mercúcio no palco.
Em 1935, John Gielgud realizou uma produção no Noël Coward
Theatre onde ele era Romeu e Laurence
Olivier era Mercúrio, embora ambos trocassem de papéis durante o prazo de
seis semanas de encenação, com Peggy
Ashcroft como Julieta.[124]
Gielgud usou uma combinação acadêmica dos textos do Q1 e do Q2, organizando a locação
e os figurinos para tentar fazer sua encenação ficar o mais próximo possível
das produções que eram feitas no teatro
isabelino.[124]
Seus esforços tiveram um enorme sucesso de bilheteria, e legaram às próximas
produções um certo realismo histórico.[125]
Olivier, mais tarde, comparou seu desempenho com o de Gielgud, e disse:
"John, completamente espiritual, inteiramente espirituoso, era o auge da
beleza, um resumo de todas as coisas abstratas; e eu era como todos os da
Terra, com sangue, humanidade... Sempre senti que John havia perdido o lado
inferior ou humano das personagens, e isso me fez assumir essa outra parte...
Mas seja lá como foi, quando eu estava desempenhando Romeu e carregava uma
tocha, eu tentava vender o realismo que existe em Shakespeare."[126]
Em 1947, a versão de Peter Brook marcou um estilo diferente de encenar Romeu
e Julieta: ela se preocupava menos com o realismo, enquanto voltava sua
atenção a adaptar uma produção que falasse diretamente com seu mundo moderno.[127]
Quanto a isso, Brooke relatou certa vez: "Uma produção só é correta no
momento de sua correção, e só é boa no momento de seu sucesso."[127]
No texto da sua produção teatral, Brooke excluiu a reconciliação final das duas
famílias.[128]
Ao longo do século XX, as audiências, influenciadas pelo cinema,
tornaram-se cada vez menos dispostas a aceitarem atores distintos e mais velhos
do que atores juvenis e adolescentes para encenaram a dupla protagonista de
amantes.[129]
Um exemplo significativo de elenco juvenil foi na produção do Old Vic,
realizada por Franco Zeffirelli, em 1960, com John Stride e Judi Dench,
que serviu como base para seu famosíssimo filme de 1968.[128]
Zeffirelli baseou-se em algumas ideias fixadas por Brooke, e, com isso, retirou
cerca de um terço do texto da peça, a fim de torná-lo mais acessível e adequado
à sua produção.[128]
Numa entrevista ao The Times, Zeffirelli declarou o seguinte: "Na
peça, o tema do amor e da desagregação entre duas gerações possui uma
relevância extremamente contemporânea."[130]
Encenações mais recentes definiram, de certa forma, o modo contemporâneo
de produzir Romeu e Julieta: em 1986, por exemplo, a Companhia Real de Shakespeare colocou o
enredo da peça numa moderna Verona, substituindo punhais ou espadas por canivetes, os
bailes e as cerimônias tradicionais por festas de rock, enquanto Romeu
comete suicídio através de uma agulha hipodérmica.[131]
Em 1997, a Livraria Folger de Shakespeare, que reúne uma vasta coleção impressa
das obras do dramaturgo, produziu uma versão colocando o enredo num mundo
suburbano, onde Romeu pula a churrasqueira do edifício de Julieta para
encontrar-se com ela, e onde também Julieta descobre a morte de Tebaldo quando
estava em sua classe na escola.[132]
Por vezes, a peça atribuiu uma locação histórica em seu enredo,
permitindo ao público refletir sobre conflitos subjacentes: um exemplo são as
adaptações que foram fixadas no meio do Conflito israelo-palestino,[133]
no apartheid
da África do Sul,[134]
e no rescaldo do Pueblo Revolt.[135]
Da mesma forma, Peter Ustinov, em 1956, adaptou a peça (agora sob o
nome de Romanoff e Julieta) para um lado cômico, cuja locação é um
fictício país da Europa
que está nas profundezas da Guerra Fria.[136]
Em 1980, uma versão revisionista de Romeu e Julieta incluiu um final
feliz na trama, onde Romeu, Julieta, Mercúrio e Páris não morrem, e onde
Benvólio, disfarçado de mulher, diz que o último desses quatro é sua verdadeira
paixão.[137]
Joel Calarco, em seu R & J de Shakespeare, adapta a trama para um
conto moderno de dois adolescentes homossexuais que se amam.[138]
Influência artística[editar
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Música[editar | editar código-fonte]
"Romeo loved Juliet
Juliet felt the same When he put his arms around her He said Julie, baby, you're my flame Thou givest fever..." |
—"Fever" cantada por Peggy Lee's.[139]
|
Cerca de 24 óperas foram baseadas em Romeu e Julieta.[140]
A mais antiga, Romeo und Julie de 1776, um
Singspiel
de Georg
Benda, omite muito da ação da peça teatral e a maioria de seus personagens,
e tem um final feliz. É remontada ocasionalmente. A mais conhecida é a de Gounod,
de 1887, Roméo et Juliette (libreto de Jules
Barbier e Michel Carré), um triunfo em
termos de crítica quando foi apresentada pela primeira vez, é sempre remontada
nos dias de hoje.[141]I Capuleti e i Montecchi de Bellini
é sempre apresentada de tempos em tempos, mas é, às vezes, depreciada, por
causa de suas notórias liberdades com Shakespeare; entretanto, Bellini e seu
libretista, Felice Romani, trabalharam a partir de fontes
italianas—principalmente o libreto de Romani para uma ópera de Nicola Vaccai—ao invés de adaptar
diretamente da peça de Shakespeare.[142]
Roméo et Juliette de Berlioz
é uma "sinfonia dramática", uma obra faraônica em três partes para
vozes mistas, coro e orquestra, que estreou em 1839.[143]
A abertura-fantasia de Tchaikovsky (de 1869, revisada em 1870 e
1880) é um longo poema sinfônico, que contém a famosa melodia
conhecida como "tema do amor".[144]
A invenção de Tchaikovsky de repetir o mesmo tema musical no baile, na cena do
terraço, no quarto de Julieta e na tumba[145]
foi usada por diretores que o seguiram: por exemplo, o tema do amor de Nino Rota
é usado de modo semelhante no filme de 1968 sobre a peça, como também em Kissing You de Des'ree's no
filme de 1996.[146]
Outros compositores clássicos influenciados pela peça incluem Svendsen
(Romeo og Julie, 1876), Delius
(A Village Romeo and
Juliet, 1899–1901) e Stenhammar (Romeo och
Julia, 1922).[147]
A mais conhecida versão para balé é o "Romeu e Julieta" de Prokofiev.[148]
Originalmente designada para o Balé Kirov, foi por eles rejeitada, quando
Prokofiev tentou escrever um final feliz, e foi rejeitada novamente pela
natureza experimental de sua música. Posteriormente, adquiriu
"imensa" reputação e foi coreografada por John Cranko (1962) e Kenneth MacMillan (1965),
dentre outros.[149]
A peça influenciou várias obras do jazz, incluindo Fever
de Peggy
Lee.[150]
Such Sweet Thunder de Duke
Ellington contém uma peça intitulada "The Star-Crossed Lovers"[151]
na qual o casal é representado por saxofones altos e tenores: críticos
observaram que os saxofones de Julieta dominam a peça, em vez de oferecerem uma
imagem de igualdade.[152]
A peça tem influenciado, frequentemente, a música
popular, incluindo obras de The
Supremes, Bruce Springsteen, Tom Waits
e Lou Reed.[153]
A mais famosa trilha desse tipo é a canção "Romeo and Juliet" de Dire
Straits[154]
A mais famosa adaptação para teatro musical é a West
Side Story com música de Leonard
Bernstein e letra de Stephen
Sondheim. Debutou na Broadway em 1957 e no West End em
1958, e se tornou um filme popular em 1961. Essa versão atualizou a peça para a
Nova Iorque da metade do século XX, e as famílias guerreiras para gangues
raciais.[155]
Outras adaptações musicais incluem o rock musical de 1999 William
Shakespeare's Romeo and Juliet de Terrence
Mann's, com parceria de Jerome Korman,[156]
Roméo et
Juliette, de la Haine à l'Amour de Gérard Presgurvic, de 2001, e Giulietta & Romeo
de Riccardo Cocciante, de 2007.[157]
Literatura e arte[editar
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Romeu e Julieta atribuiu uma profunda
influência na literatura posterior a ela. Anteriormente, contudo, a trama nunca
tinha sido vista como digna de tragédia.[158]
Nas palavras de Harold Bloom, Shakespeare "inventou a fórmula
pelo qual o elemento sexual ficou associado com o elemento erótico quando
atravessa as sombras da morte."[159]
Das obras de Shakespeare, Romeu e Julieta tem gerado as mais variadas
adaptações, sejam em trabalhos produzidos em versos narrativos ou em prosa, e
também em drama, ópera, orquestra e balé, cinema, televisão
e pintura.[160]
Na língua inglesa, a palavra "Romeu" se
tornou sinônimo
de "amante masculino".[161]
Capa original de Inocência (1872), de Visconde de Taunay: a obra é considerada "O
Romeu e Julieta sertanejo".
Romeu e Julieta foi parodizada
na época de Shakespeare: em As Duas Furiosas Mulheres de Abingdon
(1598), de Henry Porter, e em Blurt, Master Constable
(1607), de Thomas Dekker, existe a cena da varanda, onde uma
heroína virgem diz palavras indecentes.[162]
Em outra perspectiva, a peça shakespeariana influenciou, mais posteriormente,
outros trabalhos
literários, como Nicholas
Nickleby, de Charles Dickens.[163]
Em Portugal,
Camilo Castelo Branco publicou, em 1862, Amor de Perdição, considerada uma espécie de
"Romeu e Julieta lusitano".[164]
Talvez isso se deva pelo fato da obra pertencer ao Ultrarromantismo
português,[164]
tendo similaridades com a peça shakespeariana no sentido de narrar a inimizade
entre as famílias de Simão e Tereza, que se amam perdidamente, e acabam tendo
um fim trágico.[165]
Exatamente dez anos após a publicação de Amor de Perdição, era publicado
Inocência, romance regionalista do Visconde de Taunay, que possui muitas
conexões com a obra de Castelo Branco (como a personagem Inocência ter sido
inspirada em Teresa).[166]
A obra de Taunay — além de abrir cada capítulo com citações de Goethe, Rosseau, Cervantes, Ovídio, Molière, Walter
Scott, Eurípedes, e do próprio Shakespeare — é frequentemente
chamada de "O Romeu e Julieta sertanejo".[167]
Tanto o livro de Taunay como o livro de Castelo Branco possuem estruturas
semelhantes à peça de Shakespeare: os protagonistas participam de um amor
recíproco, porém impossível, e, além de terminarem num final trágico, possuem a
ajuda de uma terceira pessoa que quer vê-los juntos.[167]
No Brasil, em 1978 foi lançado uma versão paródica da Turma da Mônica, Mônica e Cebolinha –
No Mundo de Romeu e Julieta, que foi publicada em quadrinhos, teatro,
televisão e LP.[168]
De todas as obras de Shakespeare, a peça dos dois amantes é um de seus
trabalhos que mais foram ilustrados.[169]
A primeira ilustração conhecida da peça foi uma xilogravura
retratando a cena do túmulo,[170]
que talvez pertencesse a Elisha Kirkall, cuja primeira impressão foi em 1709,
numa edição das peças de William Shakespeare, produzida por Nicholas
Rowe.[171]
No século XVIII, a Galeria Boydell Shakespeare encomendou cinco pinturas da
peça que retratassem cada um dos cinco atos da trama.[172]
No século XIX, a moda de produzir encenações teatrais "pictoriais"
levou a direções que se inspirassem nas pinturas produzidas especialmente para
as cenas da peça, que, por sua vez, influenciou pintores a desenharem atores e
cenas de teatro.[173]
No século XX, os ícones visuais da peça derivavam das produções
cinematográficas famosas.[174]
Cinema[editar | editar código-fonte]
Romeu e Julieta talvez seja a peça mais
transportada para as estruturas cinematográficas de todos os tempos.[175]
As mais famosas produções foram a produção de 1936, de George
Cukor, que ganhou mais de um Oscar, a versão de 1968 do diretor Franco
Zeffirelli, e Romeu + Julieta, de Baz
Luhrmann. Essas duas últimas foram, em sua época, as produções que tratavam
de Shakespeare que mais bateram recorde de vendas.[176]
Romeu e Julieta foi filmada pela primeira vez na era do cinema
mudo por Georges Méliès, embora seu vídeo esteja perdido hoje
em dia.[175]
A primeira versão cinematográfica da peça no cinema falado foi em The Hollywood Revue of 1929, onde John
Gilbert e Norma Shearer interpretavam a cena da sacada.[177]
Shearer e Leslie Howard, com mais de 75 anos na soma das suas
idades, desempenharam os amantes adolescentes na versão de 1936, de George
Cukor. Tanto o público quanto os críticos reprovaram tal versão. O críticos
consideraram o filme muito "artificial", ficando de fora assim como A Midsummer Night's Dream (1935)
havia ficado um ano antes: liderando Holywood a abandonar as adaptações de
Shakespeare por uma década.[178]
Renato Castellani ganhou o Leão
de Ouro no Festival de Veneza por sua versão de 1954.[179]
Laurence
Harvey, como Romeu, já era um ator experiente nas telas.[180]
Susan Shentall, contudo, como Julieta, era uma secretária anônima descoberta
pelo diretor, que se disse interessado em contratá-la.[181]
O estudioso Stephen Orgel descreve o Romeu e Julieta de 1968, do diretor Franco
Zeffirelli, como "cheio de beleza e juventude, com câmeras e luzes
exuberantes, que contribuíram para a impressão da energia sexual e da boa
aparência da peça."[174]
Nesse filme, os protagonistas Leonard Whiting e Olivia
Hussey já eram atores experientes.[182]
Zeffirelli foi bastante elogiado por essa produção,[183]
principalmente na cena do duelo onde a fanfarronice fica fora de controle.[184]
O filme também criou certa controvérsia por conta da aparição do nu dos atores
na cena da lua de mel,[185]
principalmente pelo fato de Olivia Hussey, a Julieta, ter apenas dezasseis anos
na altura em que o filme foi filmado.[186]
Baz
Luhrmann, com seu Romeu
+ Julieta (1996) e sua trilha sonora, atraiu para os cinemas um público
bastante jovem.[187]
Mais obscura que a versão de Zeffirelli, o filme foca-se na "sociedade
grosseira, violenta e superficial" da Verona Beach e Sycamore Grove.[188]
Leonardo DiCaprio atuou como Romeu, e Claire
Danes, como Julieta, foi elogiada pelos críticos por ter retratado com
sabedoria a personagem embora sua pouca experiência nas telas, além de ter sido
aclamada como "a primeira Julieta do cinema cujos discursos soaram de
maneira espontânea".[189]
Em 2005, o brasileiro Bruno
Barreto dirigiu a comédia O Casamento de Romeu e Julieta,
que trazia Luana Piovani e Marco
Ricca nos papéis principais. Nessa produção, que se passava em São Paulo, as famílias de cada um também eram
rivais, mas pelo fato de que torciam por times diferentes: a
família de Julieta torcia para o Palmeiras,
enquanto que a família de Romeu torcia para o Corinthians.[190]
Embora tenha sido livremente inspirado na peça, o filme também é baseado num
conto de Mario
Prata, "Palmeiras, Um Caso de Amor".[190]
O filme recebeu críticas razoáveis, que não o consideraram um grande filme, mas
"divertido, assim como é uma partida de futebol."[191]
Outras críticas consideraram Ricca como um ator mediano na área da comédia, e
que seu relacionamento com a Julieta de Piovani "deixa muito a
desejar."[192]
Em 2006, High School Musical, da Disney, utilizou o
enredo de Romeu e Julieta, substituindo as famílias rivais por duas
"panelinhas" da escola.[193]
Os diretores têm frequentemente utilizado personagens para encenarem
determinadas cenas de Romeu e Julieta.[194]
O conceito
de dramatização da peça shakespeariana tem sido muito usada através dos tempos,[195]
como aconteceu em 1998, com o lançamento de Shakespeare Apaixonado, do diretor John
Madden, em que o personagem Shakespeare acaba finalizando a tal obra por
conta de seu próprio amor por uma jovem.[196]
Indícios históricos[editar
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"Vê,
descuidoso, na aflição tamanha,
Capelletti e
Montecchi entristecidos.
Monaldi e
Filippeschi, alvo de sanha."[197]
(Dante,
A Divina Comédia — Purgatório, Canto VI, Linha 106)
Verona —
cidade que Shakespeare escolheu para sua peça — trata-se das mais prósperas do
norte da Itália.[198]
A cidade atrai cada vez mais jovens, casais, e namorados, por ter ganhado a
fama de "cidade de Romeu e Julieta".[198]
Possuindo um patrimônio arquitetônico e histórico muito preservado, Verona
carrega em seu território um anfiteatro romano, um castelo da Idade
Média, palácios e igrejas medievais.[198]
Além dessas atrações, e de outras, como o Castelvecchio,
Verona possui a "Casa de Julieta" que, embora não carregue nenhuma
prova de que os Montecchios e os Capuletos realmente tenham morado por ali,
atrai muitos visitantes. A construção da casa se iniciou no século XVIII, e
talvez tenha sido de propriedade dos Cappellos.[198]
No interior da construção existe uma estátua de bronze de Julieta, afrescos da
peça, e um balcão com um pouco da biografia de Shakespeare.[198]
Criou-se a lenda de que dá sorte no amor tocar o seio direito da estátua de
Julieta.[198]
Na verdade, a questão sobre se Romeu e Julieta, e, consecutivamente, os
Montecchios e os Capuletos, existiram, é antiga. Talvez um dos motivos da
grande dúvida sobre a veracidade histórica da peça é o fato de que o enredo passeou
pelos séculos até ser melhor aproveitado por Shakespeare,[199]
como vimos na seção Fontes textuais. Há registros de que Giralomo
della Corte, um italiano que viveu na mesma época de Shakespeare, afirmava que
o relacionamento dos jovens amantes havia ocorrido em 1303, embora não se tenha
certeza sobre isso.[199]
O único elemento comprovado é que as famílias Montecchi e Capuleto realmente
existiram, embora não se saiba se moravam na Península Itálica, ou se eram rivais.[199]
Outras fontes literárias que fazem alusões às duas famílias é A Divina Comédia, do italiano Dante
Alighieri, escrita entre 1308 e sua morte em 1321. Nesse poema, Dante cita
os Montecchi e Capuleto como participantes de uma disputa comercial e política
que se deram na Itália.[199]
Em Dante, ambas as famílias estão no Purgatório,
tristes, e desoladas.[197]
Muitos estudiosos discordam que essas famílias tenham existido, mas o
historiador Olin Moore acredita que seria um desígnio para dois importantes
partidos políticos que eram rivais em território italiano: os Gibelinos e
os Guelfos.[199]
Outra fonte literária se encontra em Luigi
da Porto (já citado em Fontes textuais), que também citava as
famílias como rivais, e Lope de Vega, como também Matteo
Bandello, que enriqueceu a fábula e o enredo.[200]
Não há nenhuma evidência quanto todas essas suspeitas, guardadas na
literatura italiana e em Shakespeare. Mas as várias citações às duas famílias
tem excitado o público e a crítica para investigarem sobre a questão. Para o
histórico Rainer Sousa, "o amor trágico e desmedido de Romeu e Julieta
parece instaurar um arquétipo de um amor ideal, muitas vezes, distante das experiências
afetivas cotidianamente experimentadas."[199]
Rainer ainda afirma que "talvez por isso, tantos acreditam (ou pelo menos
torcem) para que um amor sem medidas como do casal shakespeariano tivesse
acontecido."[199]
Notas[editar | editar código-fonte]
a. ^
Quarto: é um termo (usado na idade
moderna) na impressão, que se refere ao tamanho de um livro, geralmente
impresso sobre duas faces de grandes folhas de papel, medindo 23 cm por
30 cm, aproximadamente o tamanho da maioria das revistas de hoje
em dia.
Referências[editar | editar código-fonte]
Fontes[editar | editar código-fonte]
Sobre o
sistema que referencia alguma passagem do texto da peça: 3.1.55 (p. ex.)
significa ato 3, cena 1, página 55. Acerca das outras notas abaixo, o(s)
nome(s) do(s) autor(es) aparece(m) antes de parênteses que contém o número da
edição e, consecutivamente, o(s) número(s) da(s) página(s) correspondente(s) à
fonte. Para avaliar as obras que foram utilizadas como fontes, dirija-se à
subseção bibliografia.
1. Ir para cima ↑ Gibbons (1980: 80); Levenson (2000:
139-140); Spencer (1967: 51-52). Essa seção lista somente as personagens
principais e as secundárias. Contudo, a peça possui outros personagens:
cidadãos de Viena,
músicos, oficial, mascarados, pajens. Páris é uma personagem de papel muito
pequeno, como o primo velho de Capuleto. Rosalina, embora uma personagem
importante, não aparece em cena e, por isso, não é listada na relação de
personagens.
2. Ir para cima ↑ Romeu e Julieta, I.0.1.
3. Ir para cima ↑ Romeu e Julieta, I.0.1.
4. Ir para cima ↑ Romeu e Julieta, III.i.72
5. Ir para cima ↑ Romeu e Julieta, III.i.168
6. Ir para cima ↑ Romeu e Julieta, IV.i.
7. Ir para cima ↑ Romeu e Julieta, IV.i.105.
8. Ir para cima ↑ Romeu e Julieta, V.iii.308–9.
9. Ir para cima ↑ Halio (1998: 93).
10. Ir para cima ↑ Ov. Met.
Trad. Paulo Farmhouse Alberto. Livros Cotovia, 2007, p.26
11. Ir para cima ↑ Gibbons (1980: 33).
12. ↑ Ir para: a b
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Hosley (1965: 168).
13. Ir para cima ↑ Gibbons (1980: 33–34).
14. Ir para cima ↑ Levenson (2000: 4).
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16. Ir para cima ↑ Moore (1930: 264–277)
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19. Ir para cima ↑ Gibbons (1980: 32, 36–37).
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22. Ir para cima ↑ Roberts (1902: 41–44).
23. Ir para cima ↑ Levenson (2000: 8–14).
24. Ir para cima ↑ Romeu e Julieta: I.iii.23.
25. ↑ Ir para: a b
Gibbons (1980: 26–27).
26. Ir para cima ↑ Gibbons (1980: 29–31). Assim como Sonhos
de Uma Noite de Verão, Gibbons aponta paralelos com Trabalhos de Amores Perdidos e Ricardo III.
27. Ir para cima ↑ Gibbons (1980: 29).
28. ↑ Ir para: a b
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Spencer (1967: 284). Spencer e outros estudiosos utilizam a expressão 'bad
quarto'.
29. ↑ Ir para: a b
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30. Ir para cima ↑ Gibbons (1980: 21).
31. ↑ Ir para: a b
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34. Ir para cima ↑ Halio (1998: 65).
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42. Ir para cima ↑ Romeu e Julieta, V.iii.169–170.
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Bibliografia[editar | editar código-fonte]
A
bibliografia em língua portuguesa sobre as peças de Shakespeare são muito
escassas quando se trata de uma análise profunda e abrangente sobre suas obras,
e a maioria das informações quanto ao assunto que podemos encontrar hoje em dia
são em documentos acadêmicos muitas vezes desenvolvidos pelas universidades. Em
contrapartida, muitos críticos e autores ingleses (ou necessariamente os que
escrevem em língua inglesa) têm contribuído de forma significativa para uma
bibliografia que vise preencher esse caminho, muito provavelmente porque
Shakespeare fala sua língua e é de sua nacionalidade. Abaixo um pouco dessas
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Ligações externas[editar
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e Julieta
Textos
Análises
- "Shakespeare: romance ou história?" , por Rainer Sousa.
- "Organização Social em Romeu e Julieta" (pdf), por Célia Luiza Andrade Prado.
- "Análise de Romeu e Julieta" (pdf), por Adriana Buarque.
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FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Romeu_e_Julieta
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