Tratado de Versalhes (1919)
Tratado de Versalhes Tratado de Paz entre os aliados e Potências Associadas e a Alemanha | |
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Página frontal da versão em língua inglesa | |
Assinado | 28 de junho de 1919 |
Local | Paris, França |
Em vigor | 10 de janeiro de 1920 |
Condição | Ratificação pela Alemanha e as três principais Potências Associadas |
Signatários | Reich Alemão Império Britânico França Itália Japão Estados Unidos |
Depositário | Governo francês |
Línguas | Francês e inglês |
Texto original (Wikisource) | |
Treaty of Versailles |
Nota: Se procura outro Tratado de Versalhes, veja Tratado de Versalhes (desambiguação).
O Tratado de Versalhes (1919) foi um tratado de paz assinado pelas potências europeias que encerrou oficialmente a Primeira Guerra Mundial, sendo que a Alemanha o classificou como diktat (imposição). Após seis meses de negociações, em Paris, o tratado foi assinado como uma continuação do armistício de Novembro de 1918, em Compiègne, que tinha posto um fim aos confrontos.[1] O principal ponto do tratado determinava que a Alemanha aceitasse todas as responsabilidades por causar a guerra e que, sob os termos dos artigos 231-247, fizesse reparações a um certo número de nações da Tríplice Entente.Os termos impostos à Alemanha incluíam a perda de uma parte de seu território para um número de nações fronteiriças, de todas as colônias sobre os oceanos e sobre o continente africano, uma restrição ao tamanho do exército e uma indenização pelos prejuízos causados durante a guerra. A República de Weimar também aceitou reconhecer a independência da Áustria. O ministro alemão do exterior, Hermann Müller, assinou o tratado em 28 de Junho de 1919.[1] O tratado foi ratificado pela Liga das Nações em 10 de Janeiro de 1920. Na Alemanha, o tratado causou choque e humilhação na população, o que contribuiu para a queda da República de Weimar em 1933 e a ascensão do Nazismo.
No tratado foi criada uma comissão para determinar a dimensão precisa das reparações que a Alemanha tinha de pagar. Em 1921, este valor foi oficialmente fixado em 33 milhões de dólares. Os encargos a comportar com este pagamento são frequentemente citados como a principal causa do fim da República de Weimar e a subida ao poder de Adolf Hitler, o que inevitavelmente levou à eclosão da Segunda Guerra Mundial apenas 20 anos depois da assinatura do Tratado de Versalhes.
Índice
[esconder]Condições
O tratado tinha criado a Liga das Nações, um dos objetivos maiores do presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson. A Liga das Nações pretendia arbitrar disputas internacionais para evitar futuras guerras. Só quatro dos chamados Quatorze Pontos de Wilson foram concretizados, já que Wilson era obrigado a negociar com Clemenceau, Lloyd George e Orlando alguns pontos para conseguir a aprovação para criação da Liga das Nações.[1] A visão mais comum era que a França de Clemenceau era a mais vigorosa na luta por uma represália contra a Alemanha, já que grande parte da guerra tinha sido no solo francês.Cedências territoriais
Outras cláusulas incluíam a perda das colônias alemãs e dos territórios que o país tinha anexado ou invadido num passado recente:[1]- Alsácia-Lorena, os territórios cedidos a Alemanha no acordo de Paz assinado em Versalhes em 26 de Janeiro de 1871 e o Tratado de Frankfurt em 10 de Maio de 1871, seriam devolvidos a França (área 14 522 km², 1 815 000 habitantes, 1905).
- A Sonderjutlândia seria devolvida a Dinamarca se assim fosse decidido por um plebiscito na região (toda a região da Schleswig-Holstein teve o plebiscito, sendo a Sonderjutlândia a única região a se decidir separar)(3984 km², 163 600 habitantes, 1920).
- As províncias de Posen e Prússia Oriental, que a Prússia Ocidental tinha conquistado nas Partições da Polônia eram devolvidas após a população local ter ganho a liberdade na Revolução da Grande Polônia (área 53 800 km², 4 224 000 habitantes, 1931).
- Hlučínsko, região da Alta Silésia, para a Checoslováquia (316 ou 330 km² e 49 000 habitantes)
- Parte leste da Alta Silésia para a Polônia (área 3214 km², 965 000 habitantes) apesar do plebiscito ter apontado que 60% população preferia ficar sob domínio da Alemanha.
- As cidades alemãs de Eupen e Malmedy para a Bélgica.
- A região de Soldau da Prússia Oriental a Polônia (área de 492 km²).
- Parte setentrional da Prússia Ocidental, Klaipėda, sob o controle francês, depois transferida para a Lituânia.
- Na parte oriental da Prússia Ocidental e na parte sul da Prússia Oriental, Vármia e Masúria, pequenas partes para a Polônia.
- A província de Sarre para o comando da Liga das Nações durante 15 anos.
- A cidade de Danzig (hoje Gdańsk, Polônia com o delta do Rio Vístula foi transformada na Cidade Livre de Danzig sobre o controlo da Liga das Nações (área de 1893 km², 408 000 habitantes, 1929).
Reparações de guerra e cláusulas de culpa
Em seu livro Margaret Olwen MacMillan escreve:[2]“ | No início, França e Bélgica argumentavam que o dano direto deveria receber prioridade em qualquer distribuição de reparações. No norte francês, altamente industrializado, os alemães levaram tudo o que queriam para o uso próprio e destruíram muito do que sobrara. Mesmo batendo em retirada em 1918, as forças alemãs encontraram tempo para destruir as minas de carvão mais importantes da França. | ” |
Os problemas econômicos que tal pagamento trouxe, e a indignação alemã pela sua imposição são normalmente citados como um dos mais significantes factores que levaram ao fim da República de Weimar e ao início da ditadura de Adolf Hitler, que levou à Segunda Guerra Mundial. Alguns historiadores, como Margaret Olwen MacMillan discordam desta afirmação, popularizada por John Maynard Keynes.
A posição dos Estados Unidos
Os Estados Unidos não ratificaram o tratado. As eleições para o Senado em 1918 deram a vitória ao Partido Republicano (49 contra 47 lugares), que assumiu o controle do Senado e por duas vezes bloqueou a ratificação (a segunda vez em 19 de março de 1920), favorecendo o isolamento do país opondo-se à Sociedade das Nações. Outros senadores queixaram-se da quantidade excessiva de reparações a que a Alemanha era obrigada. Como resultado, os Estados Unidos nunca aderiram à Sociedade das Nações e negociaram em separado a paz com a Alemanha: o Tratado de Berlim de 1921, que confirmou a pagamento de indenizações e de outras disposições do Tratado de Versalhes, mas excluiu explicitamente todos os assuntos relacionados com a Sociedade das Nações.As negociações
Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, no Quai d'Orsay, em Paris. No início participaram nas negociações 70 delegados representado 27 nações.[3]Tendo sido derrotados, a Alemanha, a Áustria e a Hungria (estados que sucederam à Áustria-Hungria) foram excluídas das negociações. A República Socialista Federativa Soviética da Rússia também foi excluída porque tinha negociado o Tratado de Brest-Litovsk, que estabelecia uma paz separada com a Alemanha em 1918, graças ao qual a Alemanha ganhou uma grande faixa de terras e de recursos à Rússia.[1]
Até Março de 1919, as extremamente complexas negociações das condições de paz foram conduzidas através de reuniões periódicas do "Conselho dos Dez" (líderes de governo e ministros dos Negócios Estrangeiros), composto pelos cinco grandes vencedores (Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália e Japão). Uma vez que este organismo revelou ser demasiado pesado e formal para uma tomada eficaz de decisões, o Japão e os ministros dos Negócios Estrangeiros deixaram as principais reuniões, de modo que apenas os ditos "Quatro Grandes" permaneceram.[4] Após as suas reivindicações territoriais para a região de Fiume (hoje Rijeka) terem sido rejeitadas, o primeiro-ministro da Itália, Vittorio Orlando, deixou as negociações (apenas voltaria para a assinatura em Junho). As condições finais foram determinadas pelos líderes das "três grandes" nações: o primeiro-ministro britânico David Lloyd George, o primeiro-ministro francês Georges Clemenceau, e o presidente dos EUA, Woodrow Wilson.
O Japão tentou no início inserir uma cláusula nos artigos referentes à constituição da Sociedade das Nações contra a discriminação baseada na raça ou na nacionalidade, mas teve de retirar a pretensão devido sobretudo à atitude da Austrália.[5]
Em Versalhes, era difícil chegar a posições comuns porque os conferencistas defendiam objetivos que entravam em conflito entre si. O resultado foi chamado um "compromisso infeliz".[6] Por exemplo, enquanto os líderes americanos e britânicos quiseram chegar a uma paz justa e a um acordo razoável, os interesses da França apelavam a vastíssimas indenizações, já que a maior parte das batalhas e destruição se deram em solo francês, além de a França ter perdido cerca de 1 500 000 combatentes e 400 000 civis.
Estrutura do Tratado
- Parte I - Pacto da Sociedade das Nações (artigos 1 a 26 e anexo).
- Parte II - As Fronteiras da Alemanha (artigos 27 a 30).
- Parte III - Cláusulas para Europa (artigos 31 a 117 e anexos).
- Parte IV - Direitos e interesses alemães fora da Alemanha (artigos 118 a 158 e anexos).
- Parte V - Cláusulas militares, navais e aéreas (artigos 159 a 213).
- Parte VI - Prisioneiros de guerra e cemitérios (artigos 214 a 226).
- Parte VII - Sanções (artigos 227 a 230).
- Parte VIII - Reparações (artigos 231 a 247 e anexos).
- Parte IX - Cláusulas financeiras (artigos 248 a 263).
- Parte X - Cláusulas económicas (artigos 264 a 312).
- Parte XI - Navegação aérea (artigos 313 a 320 e anexos).
- Parte XII - Portos, vias marítimas e vias férreas (artigos 321 a 386).
- Parte XIII - Organização Internacional do Trabalho (artigos 387 a 399).
- Procedimentos (artigos 400 a 427 e anexo).
- Parte XIV - Garantias (artigos 428 a 433).
- Parte XV - Previsões e diversos (artigos 434 a 440 e anexo).
Ver também
Referências
- ↑ Ir para: a b c d e Emerson Santiago (3 de junho de 2010). «Tratado de Versalhes». InfoEscola. Consultado em 17 de outubro de 2012.
- Ir para cima ↑ Peacemakers: The Paris Peace Conference of 1919 and Its Attempt to End War (também nomeado Paris 1919: Six Months That Changed the World e Peacemakers: Six Months That Changed the World) por Margaret MacMillan e John Murray
- Ir para cima ↑ Lentin, Antony (1985). Guilt at Versailles: Lloyd George and the Pre-history of Appeasement. [S.l.]: Routledge. p. 84. ISBN 9780416411300 Parâmetro desconhecido
|origdate=
ignorado (|orig-year=
) sugerido (ajuda) - Ir para cima ↑ Alan Sharp, "The Versailles Settlement: Peacemaking in Paris, 1919", 1991
- Ir para cima ↑ [1]
- Ir para cima ↑ Harold Nicolson, Diaries and Letters, 1930-39,250; cit. in Derek Drinkwater: Sir Harold Nicolson and International Relations: The Practitioner as Theorist, p. 139.
Bibliografia
- H. Foley, W. Wilson. Woodrow Wilson's Case for the League of Nations. Princeton University Press, Princeton, 1923.
- W. Stanley Macbean Knight. The History of the Great European War - Its Causes and Effects. Caxton Publishing Co., Londres, 1914-1919, Volumes I - X.
- Margaret Macmillan. Paris 1919. Random House, Nova Iorque, 2003.
- Magnoli, Demetrio (2008) História da Paz. São Paulo: Editora Contexto, 448p. ISBN 85-7244-396-7
Ligações externas
- *JBlog Hoje na História: 10 de janeiro de 1920 - Ratificado o Tratado de Versailles
- Deutsche Welle - 1920: Entra em vigor o Tratado de Versalhes
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